O setor externo deverá ter impacto negativo menor na economia brasileira daqui para frente, refletindo o mercado internacional, que já começa a dar os primeiros sinais de recuperação sustentada, ainda que gradual. O saldo na conta corrente do balanço de pagamento em agosto, que será divulgado pelo Banco Central na próxima quinta-feira, 24, já deverá confirmar essa retomada. Virá negativo, mas numa magnitude bem menor do que as registradas nos últimos meses. Em julho, a conta corrente do balanço de pagamentos brasileiro fechou no vermelho, com déficit de US$ 1,665 bilhão. Já esteve pior: em janeiro, o déficit chegou a US$ 2,753 bilhões e em maio fechou deficitário em US$ 1,738 bilhão.
Para agosto, segundo previsão feita pelo economista-sênior do Banco Santander, Maurício Molan, o déficit será menor, de US$ 581 milhões. Entre as várias rubricas que compõem as transações correntes, Molan conta com uma “generosa” entradas de capitais no País.
“A recuperação econômica global tem favorecido particularmente as exportações brasileiras, dada a importância da China como parceiro comercial e das commodities, com preços em alta. Dessa forma, ainda que a recuperação do crescimento doméstico seja mais rápida e intensa que no resto do mundo, ainda não é possível observar aumento mais rápido de importações que de exportações”, explica o economista do Santander.
As importações brasileiras, de acordo do o Departamento Econômico do Santander, apresentaram queda semelhante à média mundial, de cerca de 35% considerando o primeiro trimestre de 2009 em relação à média de 2008. “E não por coincidência, as vendas externas recuaram em proporção semelhante. A grande diferença está na dinâmica de recuperação: enquanto a média das importações cresceu cerca de 13% até o bimestre junho-julho, com o Brasil na média e destaque para a China (47%), nossas exportações totais se elevaram em 38% no período”, afirma o economista.
Ainda de acordo com ele, considerando o contraste que existe entre a fragilidade dos pilares de crescimento dos países desenvolvidos ao longo dos próximos trimestres vis a vis o bom fundamento da retomada brasileira, a perspectiva é que esta situação seja revertida em algum momento, quando o ritmo de elevação da demanda doméstica passará a superar o da demanda externa. “Acreditamos que tal fato tende a ocorrer entre o último trimestre de 2009 e o primeiro de 2010, quando a economia brasileira estará em franca expansão”, diz Molan.