As incorporadoras paulistas desembarcaram em Salvador, em 2009, inventando moda e falando bonito, lembra o empresário Luiz Fernando Pessoa, dono da construtora baiana Sertenge. “Era land bank pra cá, land bank pra lá. E eu não fazia ideia do que era isso”, conta. “Só depois descobri que esse é o nome em inglês para banco de terreno.”

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A agressividade das grandes construtoras na aquisição de áreas na capital baiana foi só o começo de um ciclo que terminou em crise e colocou Salvador como uma das cidades que mais sentiram com o tropeço do mercado imobiliário. Segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), em 2006, foram lançados 2 mil imóveis na capital – número que saltou para 10 mil em 2010.

Empresas como Cyrela, Gafisa, Rossi e PDG fizeram parceria com construtoras locais para explorar o mercado baiano. Uma delas, entre a Cyrela e a Andrade Mendonça, deu origem ao que era, à época, o maior empreendimento residencial em construção no País, com 1.138 apartamentos de alto padrão em 18 torres, na avenida mais movimentada da cidade.

A partir de 2011, porém, o cenário mudou. Antes mesmo de os indicadores econômicos nacionais começarem a se deteriorar, o mercado imobiliário baiano teve problemas. O plano diretor de Salvador, aprovado em 2008, foi suspenso, gerando insegurança jurídica. Em 2011, o número de unidades lançadas caiu para 7,8 mil e despencou para 2,3 mil no ano seguinte – patamar que se manteve no ano passado. “Em junho, estávamos com um estoque de 7,5 mil unidades – quase o dobro do que foi registrado em vendas em 2013”, diz Luciano Muricy Fontes, presidente da Ademi. Quase todas as grandes empresas abandonaram os projetos em Salvador.

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Aos 67 anos, dono de uma construtora que tem 80% do negócio voltado para a primeira faixa do Minha Casa, Minha Vida (cujo valor do imóvel é 100% subsidiado pelo governo), Pessoa define o que aconteceu em Salvador como uma “hipnose coletiva”. “Não entrei nessa, porque sou muito católico e rezo muito. Fui protegido por Deus.”

Com receita de R$ 450 milhões em 2013 e 6 mil funcionários, a Sertenge espera a crise passar para voltar a construir imóveis de médio padrão. “Por enquanto, somos filhotes do Minha Casa, e estamos muito bem assim.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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