O Tribunal de Contas da União (TCU) começou a fazer uma varredura nos salários e benefícios de remuneração pagos pelas estatais federais. O objetivo é identificar exageros da gestão pública e possíveis irregularidades na concessão de benefícios.
A auditoria foi aprovada pelo plenário da corte de contas no dia 14 de junho e está sendo conduzida pelo ministro relator Walton Alencar Rodrigues. Em sua justificativa para realizar o trabalho, Walton citou o exemplo do BNDES, banco estatal que, segundo o ministro, chegou a transferir “centenas de milhões de reais da atividade fim da instituição para seu fundo de pensão, de forma absolutamente criminosa, inconstitucional e ilegal”.
“Cito especificamente o BNDES, cujos 5 mil empregados, sobre receberem 16 salários por ano, fazem-no em valores que fariam corar qualquer pessoa dotada de bom senso. Afinal, não dependem do Tesouro, mas a União é a maior acionista”, afirmou Walton, em comunicado que oficializou o início da auditoria. “Em última análise, é dinheiro público que custeia os altíssimos salários. E indago com que moral ou fundamento pode um bancário da estrutura ordinária de uma empresa estatal ganhar mais do que um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), digo, várias vezes o subsídio de um ministro do STF, ou plúrimas vezes o que ganha o seu congênere na iniciativa privada.”
Segundo o ministro, todos os dados relacionados aos salários pagos pelas estatais no Brasil “constituem segredo guardado a sete chaves” e que, quando tornados públicos, passam a ser “motivo de escândalo”. “Veja que não estou a tratar do quadro de dirigentes, mas do empregado normal, integrante da estrutura de pessoal da estatal. Para mim, a violação do princípio da moralidade é evidente e patente”, declarou Walton, na ocasião.