O governo do Estado anunciou ontem que o salário mínimo regional terá um reajuste de 15% a partir do dia 1.º de maio, passando dos atuais R$ 462 a R$ 475,20, para entre R$ 527 e R$ 547,80, dependendo da categoria. A proposta será enviada à Assembléia Legislativa do Paraná, para apreciação e votação pelos deputados.
Na semana passada o governo federal concedeu reajuste de 8,5% no salário mínimo nacional, passando de R$ 380 para R$ 415 a partir do dia 1.º de março. O piso regional, se aprovado, será 32% maior que o nacional.
Na semana passada, quando o governo federal anunciou o reajuste no salário nacional, o secretário do Emprego, Trabalho e Promoção Social, Nelson Garcia, já acenava com um aumento maior no Paraná. Segundo o secretário, o novo valor será positivo para a economia paranaense na medida em que deve gerar mais empregos. ?Com um salário maior, o paranaense pode comprar mais, o empresário produz mais e o número de empregos aumenta?, afirmou o secretário. Garcia afirmou ainda que o valor do novo salário mínimo deve servir de parâmetro para as convenções coletivas de trabalho e impulsionar o piso salarial de outras categorias.
O cálculo para chegar ao novo valor levou em conta a produtividade no Estado, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e a perda do poder de compra do trabalhador (representada pela inflação no ano de 2007 no Paraná).
Impacto
Na opinião do diretor do Ipardes, José Moraes Neto, o Estado tem condições econômicas para elevar o salário, pois, segundo ele, o crescimento do PIB aqui é maior do que no Brasil. Segundo ele, em 2006 mais de 78 mil pessoas recebiam até um salário mínimo nacional, sendo que dessas 6 mil recebiam menos do que os R$ 380 até então estabelecidos pelo governo federal, e questionou: ?Imagine, o impacto que R$ 100,00 a mais no salário de cada uma dessas 78 mil pessoas vai causar na economia?.
Sobre o impacto do novo valor estabelecido para o salário mínimo regional para o empregador, o governador Roberto Requião disse que não vai prejudicar o empresário. ?Com a redução do ICMS, o governo do Paraná aumentou a produtividade e o lucro das pequenas empresas e elas não vão sofrer com o aumento porque terão tempo para se preparar.?
O presidente da Federação dos Trabalhadores em Alimentação e secretário da Federação dos Trabalhadores do Paraná, Ernane Garcia Ferreira, compartilhou da opinião do secretário do Trabalho. Para ele, o novo valor ?empurra? o valor dos salários de quem recebe piso por categoria. Segundo ele, na indústria da alimentação o mínimo regional foi responsável por negociações melhores para os trabalhadores da indústria canavieira. Com o aumento do salário no campo, explica Ferreira, os trabalhadores das fábricas de transformação de cana conseguiram negociar um reajuste de 17% no piso salarial (depois de dois anos sem aumento).
O piso regional vale para as classes que não têm piso estabelecido em acordo por convenção coletiva de trabalho, como as empregadas domésticas e os trabalhadores da agricultura, por exemplo. Além de secretários e dirigentes sindicais, também estiveram presente na reunião que definiu o novo mínimo regional representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), da Força Sindical, da Nova Central Sindical, da Federação dos Trabalhadores do Comércio e da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).