A iniciativa do candidato do PSDB, José Serra, de prometer um salário mínimo de R$ 600 para 2011 vai colocar o atual governo e as centrais sindicais numa saia justa. Já está acertado que, no caso de vitória da candidata petista Dilma Rousseff, haverá uma negociação, ainda este ano, para decidir o valor do piso salarial.
“As centrais vão defender R$ 560”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos. A CUT é a principal aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no meio sindical. “Vamos defender a política permanente de ganho real no salário mínimo”, disse. “Não interessa dar R$ 600 já em 2011 e depois não ter política nenhuma, como o PSDB sempre faz.” Ele acrescentou que os tucanos “sempre disseram” que reajustes elevados para o salário mínimo poderiam quebrar a previdência e trazer de volta a inflação. “No governo Lula, foram dados aumentos reais e isso não aconteceu”, afirmou. “Pelo contrário, o salário mínimo foi um elemento de distribuição de renda que ajudou a contornar a crise de 2009.”
Não é certo, porém, que as centrais estejam fechadas em torno dos R$ 560. “Você não vai ver as centrais sindicais marchando contra um aumento maior do salário mínimo”, disse o primeiro secretário da Força Sindical, Sérgio Luiz Leite. “Se der para chegar em R$ 600, 610, 650, as centrais não vão brigar contra isso.” Ele ressalvou que os sindicalistas não vão se pautar pela proposta “eleitoreira” de Serra.
“A eleição deturpou a conversa”, admitiu o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antônio Neto. Ele disse não ter ideia sobre qual será a proposta das centrais para o governo e explicou que os sindicalistas deverão buscar um entendimento antes de dialogar com o governo. “Temos um novo patamar de discussões.” O sindicalista também classificou a proposta de Serra de “eleitoreira” e defendeu a política de ganho real de salário mínimo acordada com o atual governo, em vez de um mínimo de R$ 600 e “dez anos sem nada”.