A saída do ministro da Economia e Finanças da Argentina, Alfonso Prat-Gay, não deve representar um grande impacto na condução do setor no país, avalia a consultoria Eurasia em relatório. A saída de Prat-Gay ocorreu a pedido do presidente Mauricio Macri, ontem. O governo anunciou que o posto será dividido: o ministro das Fazenda será Nicolás Dujovne e o das Finanças, Luis Caputo.
A consultoria diz que a demissão de Prat-Gay ocorreu por desacordos políticos, pessoais e, em menor medida, de condução da política com o presidente. Para a Eurasia, Dojovne pode ter uma postura um pouco mais séria no controle do gasto fiscal, mas defende a atual estratégia gradual e se adaptará ao foco do governo de garantir recuperação econômica, privilegiando isso à disciplina fiscal, de olho nas eleições parlamentares do próximo ano. Com isso, a consultoria prevê poucas mudanças na dinâmica fiscal.
No caso de Caputo, a expectativa é que ele continue com a estratégia de buscar emitir dívida. “Na verdade, o sucesso do governo dependerá em grande medida da recuperação econômica e de sua capacidade de continuar a emitir dívida de maneira agressiva”, acredita a consultoria.
A Eurasia aponta que Prat-Gay não integra o partido político Propuesta Republicana (PRO), de Macri, mas havia sido nomeado por sua credibilidade e para expandir a base de apoio do governo. Segundo a consultoria, o presidente, ao nomear Gustavo Lopeteghi e Mario Quintana como responsáveis por coordenar a política econômica, tinha como estratégia não deixar o ministro das Finanças com demasiado poder. Também devem ter pesado para a saída as críticas de parte do governo e do presidente do Banco Central argentino, Federico Sturzenegger, que era um crítico do ajuste fiscal limitado de Prat-Gay. Por outro lado, o agora ex-ministro foi considerado bem-sucedido na tarefa de levantar controles cambiais e organizar uma anistia tributária.