Depois de mais uma derrota na definição da meta fiscal de 2016, a saída de Joaquim Levy da Fazenda já é dada como certa por integrantes do governo e parlamentares. A percepção na equipe do ministro é que ele aguarda apenas a votação de projetos que considera importantes, como medidas provisórias que aumentam receita e as peças orçamentárias de 2016, e trabalha para que isso ocorra ainda neste ano.

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Em público, o ministro não confirma sua saída – mas também não nega. “Eu digo a verdade e repito o que eu digo. Quem quiser pode ajudar e quem me ajudar agradeço: continuo afastado do folhetim”, disse por telefone nesta quarta-feira, 16, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. E acrescentou: “O resto, I don’t care (eu não me importo)”.

Nos últimos dois dias, enquanto perdia a batalha da meta e o cenário que tanto alertou de rebaixamento da nota se concretizava, Levy intensificou as negociações com o Congresso Nacional. Quem acompanha a agenda do ministro disse que ele encara como uma missão – que poderia ser a última – a aprovação das MPs e do orçamento de 2016. Um legado mínimo antes de passar o bastão.

O ministro ligou para vários parlamentares para agradecer votações, como a do projeto de repatriação, e conversou pessoalmente com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para pedir votação das medidas provisórias. Levy tem repetido como um mantra a importância de entrar 2016 com um orçamento “robusto” e amparado por receitas.

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No telefonema ao Broadcast, o ministro afirmou que estava empenhado na negociação da Medida Provisória 694, que dispõe sobre os benefícios fiscais do regime especial da indústria química. Levy acrescentou que tem um objetivo no governo e que tem muita coisa a fazer na economia

“Já ‘saíram’ com o Levy no momento em que ele perdeu várias batalhas”, disse uma autoridade do governo.

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Ainda com Levy à frente da pasta, auxiliares próximos do ministro têm procurado novos postos de trabalho. Um de seus principais aliados, o secretário executivo Fabrício Dantas, já anunciou que deixará o posto. Levy anunciou que a secretária de Planejamento de Niterói (RJ), Giovana Victer, assumirá um cargo na secretaria executiva, mas o ministério não confirma oficialmente que posto é esse. O secretário executivo, Tarcísio Godoy, está de férias até segunda-feira. As apostas de quem vai substituí-lo no cargo voltaram a ganhar força na Esplanada dos Ministérios e no mercado financeiro.

Fitch

A interlocutores, Levy lamentou o fato de o governo ter minimizado o risco de o Brasil perder o grau de investimento, o que acabou acontecendo. A decisão da Fitch de rebaixar a nota brasileira já era esperada pelo Ministério da Fazenda, que agiu rápido nesta quarta-feira, antecipando o nervosismo nos mercados.

No início da manhã, técnicos da pasta foram avisados de que a nota seria rebaixada – as agências de rating comunicam primeiro o governo. Redigiram rapidamente uma nota e deixaram pronta para ser divulgada assim que a decisão da Fitch fosse comunicada. Levy também falou do assunto no Congresso Nacional.