O Paraná vai colher 8% menos de cereais, oleaginosas e leguminosas neste ano. No último levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), divulgado esta semana, a previsão de safra 2001/2002 foi reavaliada para 22,5 milhões de toneladas. No ano passado, o Estado produziu uma safra recorde de 24,502 milhões de toneladas.
Apesar da redução de 8%, o Paraná continua como maior produtor de grãos do Brasil, respondendo por 22,7% da produção nacional de 99,3 milhões de toneladas estimada pelo IBGE. A safra brasileira 2001/2002 é 0,7% maior que a do ano passado. Os técnicos do Deral destacam que os números do Estado ainda são preliminares e serão finalizados após o término da colheita das lavouras de milho safrinha e do café que estão, respectivamente, com 35% e 78% da área colhida.
De acordo com o Deral, o principal motivo para o decréscimo da safra é a menor produção de grãos de verão, que representa 88% do total da safra paranaense. A safra de verão 2001/2002 está estimada em 19,8 milhões de toneladas – volume 10,6% menor que o do ano passado. A diminuição de quase 2 milhões de toneladas em relação à safra anterior se deve principalmente à menor colheita de milho. Na safra normal, houve redução de 21% na área plantada, reduzindo a produção de 9,53 milhões de toneladas para 7,37 milhões de toneladas. A área do milho safrinha aumentou 6%, mas a estiagem provocou quebra de 36% na produção, que passou de 3,16 milhões de toneladas para 2 milhões de toneladas.
Outro fator que determinou o recuo na safra foi a preferência dos produtores do Paraná por aumentar a área de plantação de soja em detrimento à de milho. A ampliação de 18% na área de soja neste ano resultará em colheita de 9,638 milhões de toneladas – 10% acima da última safra. Só que esse crescimento não foi suficiente para o Estado ter nova safra recorde em 2002, porque a produtividade do milho é bem superior à da soja. O rendimento médio do milho no Paraná é de 4.900 quilos por hectare, enquanto o da soja é de 3 mil quilos por hectare. Além do milho, tiveram redução na produção na safra de verão : algodão (-55,7%) e o amendoim das águas (-25,6%). Apresentaram crescimento na produção: feijão (32,1%); arroz (2,0%) e o café (307%).
Safra de inverno
Independente das colheitas restantes, não há possibilidade da safra paranaense alcançar novo recorde. “Como a maior parte da safra de verão já foi colhida, a safra de inverno não tem peso para reverter o quadro. Precisaríamos de 2 milhões de toneladas para chegar à produção da safra do ano passado”, comentou o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, responsável pelo acompanhamento de trigo e soja do Deral.
A safra de grãos de inverno, que representa 12% da produção total de grãos do Estado, está estimada em 2,69 milhões de toneladas. O aumento de 16% em relação ao ano passado está relacionado à expansão de 14,2% na área de cultivo. Apresentam crescimento na produção as culturas de triticale (9,21%); trigo (15,07%); cevada (66,3%); centeio (22,6%) e aveia preta (21,8%). Reduzem a produção as culturas de canola (-8,8%) e aveia branca (-0,65%).
Hubner informou que as chuvas até o momento tem favorecido o desenvolvimento do trigo. “Nessa semana, houve alguns casos de granizo e vento que prejudicaram plantações nas regiões de Toledo e Maringá, mas provavelmente não serão significativas para o Estado”, relatou. Porém a continuidade das chuvas na segunda metade de agosto pode afetar a produção, adverte o agrônomo, já que nesse período começa a colheita do trigo.