A safra paranaense de cana-de-açúcar cresceu 20,04% na comparação com a safra passada. Até setembro, foram processados 25,39 milhões de toneladas do produto, que asseguraram uma oferta de 1,74 milhão de toneladas de açúcar e 1,04 bilhão de litros de álcool. Deste total, 66% é hidratado. Os dados fazem parte da avaliação parcial divulgada ontem pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).
O secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, disse que o bom andamento da atual safra, comparado à de 2005, explica a dinâmica das taxas de crescimento. ?São 20,04% a mais de cana. A produção de açúcar está 32,4% maior. E a de álcool cresceu 18,7%. Estas porcentagens alcançadas são reflexos de um conjunto de fatores que, simultaneamente, contribui para o crescimento do segmento, como clima, preços de mercado interno e externo, além das vantagens oferecidas pelo estado, como solo, logística e as pequenas distâncias entre as lavouras e as usinas?, disse.
Técnicos do Deral também lembraram que, de acordo com a segunda estimativa subjetiva de intenção de safra para o próximo ano, é verificada uma expansão de 17,5% da área plantada com a cultura. Para o diretor do departamento, Paulo Meira, a área cultivada chegaria a 509,3 mil hectares. ?O cultivo da cana no Paraná deve crescer 25,1%. Com isso, a oferta de moagem ficará em torno de 40,8 milhões de toneladas. Poderemos ter 76 mil hectares e 6,1 milhões de toneladas a mais do produto. Desde que as condições climáticas sejam satisfatórias e boas as expectativas do mercado mundial?, comentou.
No momento, os preços mantêm-se aquecidos no mercado internacional. Segundo o coordenador da área da secretaria, Disonei Zampieri, a tonelada do açúcar foi exportada a US$ 276,86 em setembro, base Secex. ?Este valor foi 51,3% maior que o obtido nas exportações em 2005. Em 2006, a exportação acumulada já atinge as 833,3 mil toneladas?, afirmou. Segundo ele, é importante ressaltar que, com o aumento do preço, esse segmento contribui com 3,1% do valor total das exportações do Paraná. Apesar do volume de embarque 9,8% menor. ?Quanto ao acumulado este ano, verificamos que, com a tonelada cotada a US$ 195,00 em janeiro, os preços subiram 42%?, avaliou.
Zampieri ainda informou que, com o litro de álcool exportado a US$ 0,57, o valor pago pelo produto está 62,8% maior comparado ao do ano passado. Nas exportações, já são 154 milhões de toneladas de álcool. Ou seja, um volume 53% maior que o registrado no mesmo período de 2005, disse. Segundo o agrônomo, a participação do segmento subiu para 1,2% do valor total da exportação do estado. No ano passado, a participação do setor nas exportações do Paraná foi de 0,47%. Já na exportação nacional, a produção paranaense de açúcar e álcool responde por 10%.
A cana-de-açúcar está concentrada, principalmente, nas regiões de Umuarama, Paranavaí, Maringá, Jacarezinho e Londrina. O estado possui 27 usinas em operação. Até 2008, está prevista a instalação de, pelo menos, outras duas unidades.
Preço pago ao produtor pelo álcool teve redução
Segundo Disonei Zampieri, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, no mercado interno o preço médio pago ao produtor pelo álcool anidro reduziu 5,6%. Também, houve queda de 6,5% no valor médio pago pelo álcool hidratado. Quanto ao preço médio pago ao produtor pelo açúcar, foi verificada uma alta de 14,1%. Essas variações ocorreram entre os meses de setembro de 2005 e 2006. ?Com a safra satisfatória, os preços caem. Mas devemos levar em consideração que outros fatores interferem nos valores, como as variações de clima, o estoque mundial, a demanda, a oferta e os acordos internacionais de ajuste, conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC)?, explicou.
No varejo, os preços médios praticados em setembro também estão mais elevados que os verificados no mesmo mês do ano passado. Em 2005, o quilo do açúcar cristal estava cotado a R$ 1,67, o do refinado era cotado a R$ 1,43, o do mascavo estava a R$ 6,30 e o açúcar orgânico, R$ 3,87 o quilo. ?Os preços pagos por esses produtos tiveram um aumento médio de 22%?, afirmou Zampieri.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), espera-se que, em 2006, o Brasil cultive uma área de 6,2 milhões de hectares com cana. Com isso, o país teria um potencial para oferecer 471,2 milhões de toneladas do produto.
Para Zampieri, caso essa expectativa seja confirmada, a oferta nacional de açúcar ficará em torno de 29,7 milhões de toneladas. Já a de álcool, chegará a 17,8 bilhões de litros. ?Além disso, deverão ser colhidas 47,8 milhões de toneladas de cana para outros fins, como a produção de cachaça, rapadura e ração para animais?, concluiu.