A terceira estimativa sobre as áreas plantadas no País realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que a safra brasileira pode crescer 13,29% neste ano em relação a 2004. Com o acréscimo, a safra pode chegar a 134,9 milhões de toneladas. O instituto destaca que a previsão não leva em conta a possibilidade de interferência de fatores climáticos. No ano passado, a safra caiu 3,68% com o fenômeno da estiagem na região Sul, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul.
"Neste momento, há muita intenção de plantio. Quando o produtor diz o que espera colher este ano, ele apresenta a estimativa de uma situação de normalidade", afirma o chefe da Coordenação de Agropecuária, Carlos Alberto Lauria. A pesquisa do instituto abrange as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e os estados de Rondônia, Bahia, Piauí e Maranhão.
A maior projeção é para a produção de soja. A estimativa é de que haja crescimento de 28,87%. Mesmo com os preços em baixa, o aumento na produção é justificado pela falta de opção de plantio para outras culturas, porque o milho também apresenta cotações aquém do esperado.
Segundo Lauria, o produtor dá preferência à soja por se tratar de produto de melhor comercialização, liquidez e ser destinado à exportação.
A estimativa para a produção de algodão herbáceo é de queda de 2,78%. Isto porque em razão dos baixos preços praticados o produtor está segurando a plantação e esperando os preços subirem.
A projeção para o arroz em casca é de um leve aumento de 0,81%. A variação pode ser atribuída ao aumento da produção nacional nos estados do Maranhão, Santa Catarina e Mato Grosso, que apresentam acréscimo da área e da produtividade. O Rio Grande do Sul, que responde por 50% da produção nacional de arroz em casca, deve ter queda de 3,37% na safra ainda em razão de fatores climáticos.
Já o feijão deve aumentar sua produção em 10,58%. A recuperação do rendimento médio, especialmente na Bahia e em Minas Gerais, está impulsionando a produção, mas com os baixos preços e a preocupação com o clima a expectativa é de que a área plantada sofra redução.
A produção de milho deve crescer 4,6%. Isto porque ele tende a acompanhar o crescimento da avicultura e da suinocultura. "Ele acompanha porque é usado como ração, quando há crescimento nessas áreas o produtor de milho vê que tem mercado."
Queda de 3,68% em 2004
A estiagem no Rio Grande do Sul, principalmente nos meses de março e abril, prejudicou a safra do ano passado, segundo o IBGE. A produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, como caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol e trigo ficou em 119,085 milhões de toneladas. O resultado representa uma queda de 3,68% em relação à safra de 2003.
O impacto do fenômeno climático no Sul afetou o resultado do País porque a região representa 40,95% da produção. O Centro-Oeste contribui com 33,48% da produção, o Sudeste, com 14,81%, o Nordeste, com 7,88% e o Norte, com 2,88%.
Os produtos mais representativos da safra nacional são arroz, soja e milho. Juntos eles somam 90% da safra. O IBGE destaca que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas tem crescido com aumento de produtividade e não com ampliação da área plantada.
Apesar da queda, alguns produtos registraram safra superior a de 2003, como o algodão herbáceo em caroço (62%), o arroz em casca (28,51%) e o sorgo em grão (21,68%).
As principais variações negativas ficaram com feijão em grão na primeira e na segunda safras, com quedas de 12,12% e de 7,26%, respectivamente; milho em grão na primeira e segunda safras, com quedas de 10,47% e de 18,68%; soja em grão registrou queda de 4,39% e trigo diminuição de 3,56%.