continua após a publicidade

safra210405.jpg

Apesar do aumento da área plantada
em 1,67%, a safra não chegará a
120 milhões de toneladas.

Rio (AE) – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou para baixo, pelo terceiro mês consecutivo, a estimativa para a safra agrícola de 2005. Os problemas climáticos no Rio Grande do Sul e em parte do Centro-Oeste levaram o instituto a reduzir em 15,4 milhões de toneladas a projeção desde o primeiro prognóstico (134,9 milhões de toneladas), apresentado em dezembro, até a estimativa de março (119,5 milhões de toneladas), divulgada ontem.

O chefe da coordenação de agropecuária do IBGE, Carlos Alberto Lauria, destacou que os problemas climáticos levaram a perda de produtividade na safra 2005, que será apenas 0,10% maior do que a colhida em 2004 (119,4 milhões de toneladas). Apesar do aumento da área de 1,67% entre a safra do ano passado e a atual, a perda de produtividade não ajudou no aumento estimado da colheita. ?De qualquer modo 119 milhões de toneladas é uma safra razoável, não é ruim, não haverá desabastecimento de nenhum produto?, disse Lauria.

Ele destacou também que pela primeira vez na história das safras brasileiras, a região Sul perdeu o primeiro lugar no ranking de principal produtora de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas do País. O lugar foi ocupado, na safra 2005, pelo Centro-Oeste. O Sul, que sempre participou com cerca de 40% da safra, reduziu a fatia para 34,43% na safra 2005, por causa dos problemas climáticos na região. O Centro-Oeste chegou ao primeiro lugar com 37,8% de participação.

continua após a publicidade

Outra novidade dessa safra destacada por Lauria é o aumento da colheita da mamona, que crescerá 54% ante a safra 2004, por causa dos incentivos governamentais à produção dessa cultura como fonte de combustível. Segundo ele, os principais crescimentos da safra desse produto estão ocorrendo em Minas Gerais e São Paulo.

Por outro lado, a soja, mais uma vez a estrela da safra brasileira, vai registrar um aumento na produção apesar de todas as intempéries registradas nas principais regiões produtoras. A estimativa do IBGE é que a colheita da soja em grão seja 7,64% maior na safra 2005 do que na safra anterior (49,5 mi de t), atingindo cerca de 53,5 milhões de toneladas, ou 45% da safra total da safra brasileira.

continua após a publicidade

Embrapa lança variedades transgênicas

Na solenidade de comemoração dos 30 anos da Embrapa Soja, realizada ontem em Londrina (PR), estiveram presentes cerca de 300 autoridades, lideranças vinculadas ao agronegócio e parceiros. A chefe-geral da Embrapa Soja, Vania Castiglioni aproveitou a ocasião para fazer homenagens e lançar 22 variedades: 13 cultivares de soja transgênica para todo o Brasil, 7 cultivares convencionais e 2 de trigo para o Paraná.

Com relação à soja transgênica, na safra 2004/2005 a multiplicação das sementes da Embrapa foi realizada por 250 produtores de sementes de oito fundações de apoio à pesquisa de todas as regiões produtoras de soja. ?A Embrapa e seus parceiros produziram semente em 26,8 mil hectares, resultando em 670 mil sacas, que serão multiplicadas novamente na safra 2005/06, antes de chegarem, em grande escala, às mãos dos agricultores brasileiros?, explica o gerente de propriedade intelectual da Embrapa, Filipe Teixeira.

A Embrapa desenvolve pesquisa com transgênicos desde 1996, quando a instituição – em parceria com a iniciativa privada – passou a incorporar às suas cultivares de soja genes que são tolerantes a herbicidas. Desde então, a Embrapa firmou um contrato de pesquisa com a empresa Monsanto que permitiu o acesso ao gene que confere resistência à planta de soja ao herbicida Roundup Ready (RR), cujo princípio ativo é o glifosato.

Em 2000, a instituição assinou outro contrato permitindo a exploração comercial do gene inserido nos materiais genéticos da Embrapa. Assim, a Embrapa introduziu o gene RR ao seu Banco de Germoplasma, que apresenta plantas de soja com alta capacidade de adaptação, boa qualidade de sementes, resistência às principais doenças de soja e ainda alto potencial de rendimento. ?O desenvolvimento de soja transgênica é uma pesquisa paralela da Embrapa Soja, mas continuaremos buscando soluções para os problemas limitadores da cultura da soja convencional?, avalia João Flávio Veloso Silva, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja.