Rio (AE) – A estimativa para a safra agrícola de 2005 sofreu mais um enxugamento: deve encerrar o ano com queda de 4,94% ante 2004, atingindo 113,468 milhões de toneladas. A redução se deve ainda às quebras de safra de soja e da primeira safra de milho, causadas por problemas climáticos. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de maio, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o quadro de piora é irreversível, já que 88% do total da safra já foi colhido.
O gerente da pesquisa, Neuton Alves Rocha, considerou que o cenário ruim da safra este ano não tinha como ser antecipado ou evitado, visto que teve origem num fator imprevisível: o clima. A forte estiagem na região Sul, no início do ano, provocou a quebra de várias culturas da região, principalmente soja.
Mas nem o IBGE estimava uma queda tão forte na produção. Em janeiro, o instituto projetava safra de 134 milhões de toneladas. ?Quando você compara com a estimativa que temos hoje, de 113 milhões, percebemos que houve uma diminuição em 21 milhões de toneladas. Em termos de volume, é um dos piores (resultados) que o Brasil já enfrentou. Foi uma queda muito significativa?, disse Rocha. Ele comentou ainda que a safra do ano passado também não foi boa, girando em torno de 123 milhões de toneladas – o que representou, na época, uma queda de 3,45% ante 2003. ?A safra do ano passado já foi ruim. Mas parece que a deste ano vai ser pior?, disse.
Rocha comentou que a previsão, em janeiro, para a produção de soja era de 63 milhões de toneladas. Na pesquisa anunciada ontem, porém, foi apurado que a produção de soja deve atingir 51 milhões de toneladas. No caso do milho de primeira safra, a previsão era de 31,8 milhões de toneladas em janeiro, mas pelo levantamento de maio a colheita deve ficar em 27,6 milhões de toneladas. ?Realmente, soja e milho são os apresentam os que decréscimos mais expressivos?, admitiu Rocha.
As colheitas de soja e primeira safra de milho já foram praticamente concluídas. Entre as culturas de inverno ainda não finalizadas, os produtos mais importantes, como trigo e a segunda safra de milho, também apresentam perspectivas negativas. Com o câmbio desfavorável às exportações e a falta de recursos dos produtores – que enfrentaram primeiras safras muito ruins em razão de problemas climáticos -, não há muito estímulo para plantar esses produtos, segundo o IBGE.
Bianchini vem para lançar o Plano Safra
O secretário nacional de Agricultura Familiar, Valter Bianchini, vem a Curitiba nesta segunda-feira, 27, para lançar o Plano Safra 2005/06 no Estado. Em todo o País, mais de 4 milhões de agricultores serão beneficiados. O investimento no setor será de R$ 9 bilhões. Segundo Bianchini, a expectativa é liberar para o Paraná R$ 1 bilhão, que irão beneficiar 180 mil famílias.
Entre os principais objetivos do plano destacam-se: ampliação de financiamentos para agricultores de menor renda por meio do microcrédito rural e de forma simples, sem burocracias; apoio ao processo de transição agroecológica conforme os princípios da agroecologia; qualificação dos serviços de assistência técnica e extensão rural; fortalecimento e ampliação do Programa de Garantia de Compra da Agricultura Familiar em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento, Conab.
Além disso, o governo federal reafirmou o compromisso de manter o projeto de suplementação orçamentária no valor de R$ 700 milhões para cumprir a meta de assentar 115 mil famílias em 2006.
Pronaf no Paraná
Para ter uma idéia da evolução dos investimentos na agricultura familiar através do Pronaf, no Estado do Paraná, no ano agrícola 2001/2002 foram aplicados R$ 302 milhões, beneficiando 108 mil famílias de produtores rurais. No ano agrícola 2002/2003, foram R$ 304 milhões para beneficiar 101 mil famílias. Mais recentemente, no ano 2004/2005, 146.465 mil famílias foram beneficiadas com R$ 679 milhões.