A produção agrícola nacional deve alcançar 137,3 milhões de toneladas em 2009. O volume é 5,9% menor que o obtido em 2008 (145,8 milhões de toneladas). A estimativa é baseada no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o coordenador do setor de agropecuária do IBGE, Paulo Renato Corrêa, a estimativa deverá cair ainda mais já que o levantamento (fechado no dia 15 de dezembro) não incluiu o período de fortes chuvas que voltaram a causar estragos em Santa Catarina, região responsável por 4,5% da produção agrícola no país.
“Os nossos trabalhos são feitos em torno do dia quinze de cada mês e a partir dessa data, ocorreram novas enchentes no sul de Santa Catarina. Nossos supervisores lá já sinalizaram que vão ocorrer perdas nos próximos levantamentos”, afirmou o técnico.
De acordo com o estudo, o alto preço dos insumos, a dificuldade de obtenção de créditos e a desvalorização das principais commodities produzidas no Brasil, devido à crise mundial, são os principais fatores que desestimularam os produtores para investirem mais neste ano.
“Hoje em dia, eles [produtores] produzem mais com recursos próprios do que com outros financiamentos e preferem não arriscar demais, o que deve causar certa retração”.
Dos produtos investigados, o algodão com caroço é o deverá sofrer maior recuo na produção em 2009, segundo o IBGE. O coordenador da pesquisa explicou que por causa das baixas cotações da pluma, da dificuldade de financiamentos e do alto custo dos insumos a produção deve cair 15,1%, fechando o ano com safra de 3,4 milhões de toneladas.
A soja, principal produto agrícola brasileiro, também deve seguir tendência de queda (-1,9%) e fechar 2009 com produção de 58,8 toneladas.
De acordo com a pesquisa, seis produtos devem apresentar alta em relação à safra de 2008, com destaque para o arroz em casca, cujo acréscimo na produção deve ser de 0,5% (12,2 milhões de toneladas). A expansão deve ocorrer devido ao incremento de 2,7% esperado no Rio Grande do Sul – principal produtor nacional do grão, respondendo por 62,2% do cultivo.
Se as previsões se concretizarem, esta será a primeira vez em quatro anos que a safra brasileira irá registrar desaceleração. Corrêa alertou, no entanto, que esta é terceira das estimativas que são feitas mês a mês, logo, os números podem mudar.