Sacrifício sanitário vai demorar uma semana

Três minutos. Esse foi o tempo médio necessário para sacrificar cada uma das 377 cabeças de gado da Fazenda Pedra Preta e da fazenda do Centro Universitário de Maringá (Cesumar). O sacrifício – que começou ontem pela manhã e deve se estender até a próxima semana – marca um dos últimos capítulos da ?novela da febre aftosa? no Paraná, que só deve terminar em definitivo após a morte do último dos 6.705 animais presentes nas sete fazendas com o foco, quando começa a contagem de 180 dias para o Estado recuperar o status de livre de febre aftosa com vacinação.

A história da febre aftosa no Paraná se arrasta desde o dia 21 de outubro, quando se levantou a suspeita de foco. Apesar de nenhum bovino ter apresentado sintomas clínicos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou a aftosa em sete propriedades. ?Tudo ocorreu normalmente dentro do previsto. Foi o começo do processo que vai livrar o Paraná da doença?, disse o superintendente do Mapa no Estado, Valmir Kowalewski. O Paraná estava há dez anos sem aftosa.

Tiros certeiros

O abate foi realizado por três atiradores da Polícia Militar através do ?rifle sanitário?, que consiste em matar o animal a tiros. Segundo os técnicos da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), o gado era abatido com um ?tiro certeiro?, apesar dos três minutos necessários para sua morte. Os animais mortos foram levados para uma vala única, na fazenda da Cesumar. Toda a ação foi acompanhada de perto por técnicos da Defesa Sanitária Animal, técnicos do Ministério da Agricultura e da Seab e integrantes da Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício (formada por representantes dos produtores).

Também foi realizada a coleta de material para necropsia nos animais. As vísceras de seis deles foram levadas de avião ontem mesmo para um laboratório do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) no Rio de Janeiro, onde será feita a análise. A necropsia será feita em seis animais: dois da Cesumar (que apresentaram reação positiva ao exame EITB, que analisa proteínas não estruturais do vírus) e quatro da Pedra Preta. Nesta última propriedade, o número foi definido por amostragem, uma vez que 26 animais apresentaram reação ao EITB. Ontem apenas uma necropsia foi realizada.

A necropsia foi uma exigência dos pecuaristas, uma vez que eles – assim como o governo do Estado – contestam o foco da doença. Segundo o chefe do Núcleo Regional da Seab em Maringá, Renato Cardoso Machado, deve levar até 15 dias para os resultados serem conhecidos. Indicada pelo Panaftosa, a médica-veterinária uruguaia, Rossana Allende, acompanhou a operação para fazer a coleta de material e a necropsia dos animais. Também participaram técnicos do Laboratório Agropecuário do Estado e dois veterinários indicados pelos pecuaristas.

Cronograma

Em um comum acordo entre a Comissão de Necropsia e a representante da Panaftosa, o sacrifício dos 84 animais da Fazenda Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso, que estava marcado para hoje, só irá acontecer amanhã, juntamente com o gado da propriedade Santa Isabel, em Grandes Rios, onde existem 43 animais com suspeita da doença. Hoje os veterinários irão realizar a necropsia em cinco dos animais abatidos ontem. No sábado e domingo está previsto o sacrifício das 1.795 cabeças da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira. E somente na semana que vem acontece o sacrifício dos 1.903 animais das fazendas Alto Alegre e São Paulo (2.500 animais) no município de Loanda.

?São esperados atrasos, principalmente devido a problemas relacionados com o material utilizado para a coleta de material para a necropsia?, afirmou o superintendente do Mapa, Valmir Kowalewski. Além disso, ele lembrou que o sacrifício só pode ser realizado com tempo bom e, em caso de chuva, o processo também sofrerá atrasos. Questões logísticas também podem atrasar o abate. Na Fazenda Cachoeira, a manta texturizada que cobrirá as duas valas – exigência do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para proteger o lençol freático – chegou ontem à propriedade. A estimativa é que a colocação da manta demore cerca de 48 horas.

A vala na Santa Isabel já está pronta. No entanto, o maior atraso deve acontecer em Loanda, uma vez que o IAP também exigiu que mantas impermeabilizantes cobrissem as quatro valas que serão feitas nas duas propriedades. Esse procedimento será necessário porque o solo da região é arenoso. A previsão é que nestas duas propriedades o sacrifício não ocorra antes do final da próxima semana.

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