O sacrifício sanitário dos quase 6,4 mil animais do Paraná, suspeitos de febre aftosa, vai começar amanhã por Maringá. Técnicos da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), oficiais da Polícia Militar e representantes da Fazenda Cesumar se reuniram ontem, em Maringá, para discutir os detalhes.
O único empecilho que pode adiar mais uma vez o abate sanitário no Estado é a ausência do aval do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que seja realizada a necropsia nos animais que reagiram positivamente à doença. O exame foi a condição imposta pelos proprietários das sete fazendas apontadas como focos de aftosa para autorizar o sacrifício dos animais. Até ontem no final da tarde, a superintendência do Mapa no Paraná não havia recebido qualquer posição do ministério em Brasília.
Em Maringá, cerca de 377 animais serão sacrificados: 143 da Fazenda Cesumar (Centro de Ensino Superior de Maringá) e outros 234 da vizinha Fazenda Pedra Preta. Os animais das duas propriedades serão enterrados em uma única vala, que mede 70 metros de comprimento, seis metros de largura e quatro de profundidade, aberta na Fazenda Cesumar. Segundo informações da Seab, os animais serão abatidos em um único dia, através de tiro – o chamado ?rifle sanitário? -, que será executado por homens da Polícia Militar.
Outro obstáculo que pode atrapalhar o abate sanitário em Maringá amanhã é o mau tempo. De acordo com o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Cesumar, Raimundo Tostes, choveu muito na região no fim de semana. ?O local de acesso à vala está com muita lama. Se fosse para o abate acontecer amanhã (hoje), o solo precisaria estar um pouco mais seco?, ponderou. Tostes não acredita que a posição do Mapa com relação às necropsias possa atrasar o sacrifício dos animais. ?Deve chegar uma resposta ainda hoje (ontem)?, afirmou.
Além dos rebanhos das fazendas da Cesumar e da Pedra Preta, serão sacrificados em data ainda a ser definida aproximadamente 1.800 animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, 84 da Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso, 39 da Fazenda Santa Isabel, no município de Grandes Rios, 1.703 cabeças da Alto Alegre e aproximadamente 2.500 da Fazenda São Paulo, ambas no município de Loanda.
Futuras ações
Mesmo que o superintendente do Mapa no Paraná, Valmir Kowalewski, insista que o aval do ministério para a realização das necropsias seja apenas uma ?formalização? – uma vez que o ministro Roberto Rodrigues afirmou, na semana passada, que não se oporia à realização dos exames -, a autorização tem um sentido mais amplo: pode servir de subsídio para que os pecuaristas entrem na Justiça mais tarde, caso o resultado seja negativo. ?Por lei, o proprietário pode requerer o dobro do que já recebeu pelo ministério, caso se comprove que os animais não estavam doentes?, afirmou uma fonte ligada ao setor. ?E por tudo que se apresentou até agora, é praticamente certo que o resultado será negativo e que, portanto, não houve a doença no Paraná.? Nesse caso, acrescentou, os riscos financeiros para o Tesouro seriam grandes.
Os pecuaristas querem que os materiais dos animais sejam encaminhados ao laboratório do Centro Pan-americano de Febre Aftosa (Panaftosa), localizado no Rio de Janeiro – instituição considerada neutra pelos proprietários rurais para realizar os exames.
Na última sexta-feira, o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, autorizou, através de resolução, a realização de necropsias e coleta de material de animais que serão sacrificados nas sete propriedades do Paraná. As necropsias, a coleta e o envio de material para exames laboratoriais serão feitos por profissionais do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis), da Secretaria da Agricultura, com acompanhamento de um técnico indicado pelo Ministério e dois indicados pelos criadores.
Até ontem, cinco das sete fazendas apontadas como focos de aftosa já haviam sido vistoriadas pela Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício. Hoje, integrantes da comissão seguem para Loanda, onde vão avaliar os rebanhos das fazendas São Paulo e Alto Alegre.
