O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmou que a era do domínio financeiro dos Estados Unidos acabou, e pediu um sistema econômico “mais justo”, no que foi apoiado pela chanceler alemã, Angela Merkel. Medvedev e Merkel pediram novas medidas para responder à crise do crédito, que gera temores de uma profunda recessão mundial desde que se espalhou dos Estados Unidos para os mercados internacionais.
“O período de domínio por uma economia e uma moeda agora faz parte do passado”, declarou o presidente em um fórum do qual também participou a chanceler alemã. “Devemos trabalhar juntos para construir um sistema financeiro-econômico no mundo que seja baseado nos princípios da multipolaridade e da supremacia da lei e que leve em consideração interesses mútuos”, disse Medvedev.
Nesta quarta-feira (1º) à noite o Senado norte-americano aprovou o pacote de resgate financeiro de US$ 700 bilhões proposto pelo governo, que é visto como a melhor chance de arrefecer a crise. O pacote ainda precisa da aprovação da Câmara norte-americana, e pode ir à votação amanhã. Segundo Medvedev, a crise mostrou que os EUA não são poderosos o suficiente para controlar os mercados mundiais sozinhos.
“Eventos recentes confirmaram que apenas um país, mesmo o mais poderoso, não consegue ser uma espécie de mega regulador”, ressaltou. Os comentários ocorrem um dia depois de o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, criticar a “irresponsabilidade” econômica dos EUA pela crise global financeira.
O mercado de ações da Rússia, que mesmo em tempos normais é raramente previsível, tem registrado variações brutas nas últimas semanas devido ao impacto da crise financeira. “Precisamos de novos mecanismos para a arquitetura financeira internacional. Há muito tempo estou convencida disso, não apenas durante essa crise”, afirmou Merkel.
A Alemanha é considerada a aliada mais próxima da Rússia na Europa Ocidental, mas Merkel tem repreendido a Rússia sobre sua breve guerra com a Geórgia em agosto. Nesta quinta-feira ela reiterou suas críticas a Moscou sobre suas intervenções militares na ex-república soviética. “A reação da Rússia nesse conflito não tem sido apropriada”, disse ela.
“Ainda precisamos discutir o papel de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, na sigla em inglês), e ver como isso se desenvolve”, afirmou ele, referindo-se à organização de monitores em duas regiões separatistas da Geórgia que são apoiadas pela Rússia. A Rússia se nega a discutir sobre a organização, afirmando que a decisão pertence a duas repúblicas separadas, cujas independências foram reconhecidas em agosto.