O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, confirmou que a Rússia suspendeu a importação de carne bovina brasileira depois que o ministério divulgou haver foco de febre aftosa no Estado do Pará. Rodrigues considerou “natural” a decisão da Rússia e disse que o governo brasileiro já enviou comunicado para a OIE (organização mundial de saúde animal) e para os países com quem o Brasil mantém relações comerciais.
A expectativa é a de que o problema seja resolvido rapidamente, disse o ministro.
Anteontem, o Ministério da Agricultura confirmou que foi localizado um foco da febre aftosa no município de Monte Alegre, no noroeste do Pará. A localização acontece após 34 meses sem a identificação de casos no Brasil.
Como essa região já era considerada pelo próprio ministério como de alto risco para a doença, o gado do Pará não pode ser exportado nem circular por outros estados.
No entanto, produtores e exportadores brasileiros dizem que o fato vai, no mínimo, atrapalhar esforços que o governo vinha fazendo para abrir os mercados japonês e americano para a carne fresca brasileira.
A febre aftosa, causada por um vírus (o aflovírus), ataca bovinos, suínos e caprinos. Embora não cause danos para a saúde dos consumidores de carne, a doença se transmite rapidamente entre os animais, trazendo prejuízos aos produtores. Por essa razão, países como o Japão e os EUA não importam carne fresca do Brasil. Outras regiões consumidoras, como a Europa, aceitam importar apenas o gado brasileiro produzido na região livre de aftosa.
“É ruim, mas não é trágico. Seria trágico se o foco tivesse ocorrido em áreas livres de aftosa”, disse Constantino Ajimasto Junior, presidente da Associação Brasileira do Novilho Precoce.
Segundo ele, o Pará não está no contexto das exportações brasileiras, o que minimiza os efeitos desse novo foco. No entanto, outros pecuaristas estão preocupados e preferiram não se manifestar à espera de novas informações do Ministério da Agricultura. Segundo eles, são tantos os problemas de sanidade animal no mundo nos últimos anos que é impossível prever o impacto dessa notícia no mercado externo.
Ministério esclarece foco
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) encaminhou ontem ao governo russo, por intermédio da embaixada brasileira em Moscou, todos os esclarecimentos solicitados pelo Departamento de Veterinária da Federação da Rússia sobre o foco de febre aftosa detectado no município de Monte Alegre, localizado no noroeste do Pará.
“A expectativa agora é de que as exportações de carnes para a Rússia, suspensas temporariamente, se normalizem segunda ou terça-feira da semana que vem”, acredita o diretor do Departamento de Defesa Animal do Mapa, Jorge Caetano. Ao confirmar a ocorrência do foco anteontem, o diretor disse não haver justificativa técnica para a suspensão das exportações de carne por qualquer mercado comprador do produto brasileiro.
A Rússia decidiu suspender as inspeções e emissões de certificados de exportação de carnes realizadas por veterinários russos nos portos brasileiros até avaliação das informações prestadas pelo Mapa.
A Rússia é responsável por 12% das importações de carnes do Brasil. De janeiro a maio deste ano, foram embarcadas para o mercado russo 217,8 mil toneladas de carnes suínas, bovinas e de frango. No ano passado, o Brasil exportou para aquele país 612 mil toneladas de carnes com uma receita de US$ 595,2 milhões.