São Paulo (AE) – O mercado se mostra dividido com relação à possibilidade da compra das operações do Santander, no Brasil, pelo Bradesco e, no momento, especula as implicações da operação no processo de consolidação do setor financeiro. Os rumores, por enquanto, são divergentes e dão conta tanto de um interesse das duas instituições no negócio como da completa falta de fundamento dos boatos. Nos cálculos de Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Rating, se concretizada, a operação faria do Bradesco o maior banco do País em ativos, superando, inclusive, o Banco do Brasil.

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Com base nos dados contábeis de junho do ano passado, o Santander era o sexto maior banco brasileiro, com ativos de R$ 90,248 bilhões, enquanto o Bradesco era o segundo da lista, com R$ 232,935 bilhões. A união entre os dois, portanto, criaria uma instituição com R$ 323,183 bilhões em ativos, acima dos R$ 273,835 bilhões do BB ao final do primeiro semestre do ano passado.

A compra do Santander colocaria o Bradesco na liderança também na concessão de crédito, com uma carteira total de R$ 119,675 bilhões, segundo a Austin. Atualmente, a instituição ocupa a segunda posição nessa área, uma das principais apostas do setor com a trajetória de queda da taxa de juros, atrás apenas do BB.

Os rumores sobre a venda do Santander no País circulam desde outubro. Anteontem, os papéis do Bradesco fecharam entre os maiores ganhos do índice Bovespa, de 3,62%, em reação à reportagem publicada pela revista International Finance Review, com novos detalhes sobre o possível negócio. O texto afirma que os bancos de investimento Goldman Sachs e Merrill Lynch teriam sido contratados como consultores pelas duas instituições para avaliar o negócio. O Goldman estaria atuando pelo lado do Bradesco e o Merrill, pelo Santander.

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O rumor sobre a operação, que mexeu com os papéis do maior banco privado brasileiro, faz sentido para alguns analistas. Para outros seria pouco provável. Os que defendem o negócio dizem que por mais que tenha pago R$ 7 bilhões pelo Banespa em novembro de 2000, o espanhol não conseguiu se firmar como um banco nacional. As atividades estão concentradas na base que antes pertencia ao Banespa, uma instituição estadual. Além disso, a migração das contas dos funcionários públicos, que estavam no Banespa, para a Nossa Caixa alimenta ainda mais os boatos, uma vez que, sem essas contas, o banco valeria menos.

Santander nega

Ontem no final da tarde, o Santander Banespa negou que vá vender as operações no Brasil para o Bradesco. O vice-presidente executivo da instituição, Miguel Jorge, afirmou que, ao contrário, o banco é comprador no País.

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O executivo atribuiu os rumores que circularam ontem sobre o assunto a uma desinformação do mercado a respeito dos objetivos e a estratégia do banco. ?Deixamos claro, várias vezes, que não existe operação na América Latina sem uma atuação forte no Brasil.