O secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), embaixador Rubens Ricupero, afirmou hoje que a economia mundial corre o risco de ingressar em outra crise porque não foram tomadas as medidas necessárias para evitar os problemas que levaram à crise atual.

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“Os problemas fundamentais estão sem solução e, por isso, podemos ter uma nova crise no médio prazo”, afirmou Ricupero, em evento de debate do documento da Unctad divulgado na última segunda-feira.

Ele observou que as propostas que foram feitas pelos países que integram o G-20, com o objetivo de melhorar a regulamentação das operações financeiras, até agora não foram implementadas.

“O G-20 havia apresentado uma lista enorme de medidas, mas nada se concretizou. Tudo o que foi anunciado parece que vai ficar só na boa intenção”, afirma.

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Ricupero diz que há poucas dúvidas de que a economia mundial está em recuperação. Mas não se sabe qual será o ritmo desse processo nem se ele será linear.

“A Unctad é pessimista: achamos que a recuperação será lenta porque os bancos ainda não conseguiram resolver seus ativos tóxicos”, afirma. Ele observa que, na ausência de regulamentação do sistema financeiro, podem surgir outras modalidades de operações de risco, como foram os títulos subprime.

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O embaixador lembra que, nos Estados Unidos, já há um mercado de revenda e securitização de apólices de seguro de vida parecido com o que se fazia com as hipotecas subprime (de alto risco de inadimplência). Esse mercado está crescendo tanto que a indústria de seguros, segundo Ricupero, está até elevando os valores dos prêmios.

“Na ausência de regulamentação, os problemas que levaram à crise podem se repetir”, afirma. “Quem olha para o curto prazo vê que tudo está bem. Mas o panorama é preocupante.”

O documento apresentado pela Unctad defende a reforma do sistema financeiro internacional; reavaliação do papel das agências de risco; a ampliação da participação de países emergentes nos organismos internacionais multilaterais; a revisão da repartição dos Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI); e a substituição do dólar como moeda de referência internacional por um sistema de câmbio administrado, parecido com o que foi a “serpente” (sistema de paridade entre as moedas utilizado no processo de unificação das moedas da Europa).