O presidente do Federal Reserve de Boston, Eric Rosengren, foi um forte defensor de uma ação mais agressiva do Banco Central dos EUA logo no início da crise de 2008, mostraram as transcrições de 14 reuniões ordinárias e emergenciais de política monetária, ocorridas naquela época mas divulgadas ontem.

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As transcrições revelam que Rosengren se comportou de modo diferente de muitos dos seus colegas, ao defender um movimento agressivo do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para afastar a crise e promover a recuperação econômica. Outros membros da autoridade monetária defendiam uma abordagem menos dramática.

Rosengren continuou a entrar em desacordo com seus colegas, sendo o único dissidente na reunião de dezembro do ano passado, quando o Fed decidiu iniciar a redução do programa de compras mensais de ativos. Rosengren recomendou cautela no processo de retirada dos estímulos.

Enquanto muitos formuladores de políticas do Fed ainda estavam reconhecendo os riscos provenientes das altamente alavancadas instituições financeiras, Rosengren, que iniciou no Fed de Boston em 1985, pressionou por uma ação mais enérgica para impedir um dano econômico maior. “Eu apoiaria reduzir o fed funds rate em 50 pontos-base e, se dependesse só de mim, apoiaria fazer isso agora”, disse, durante uma reunião de emergência em 9 de janeiro de 2008.

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No encontro, outros presidentes regionais do Fed alertaram que um corte na taxa de juro poderia assustar os mercados financeiros. A recomendação do presidente do Fed à época, Ben Bernanke, era de manutenção da taxa, a 4,25% ao ano. “A não ser que o sentimento do comitê para mudar hoje seja especialmente forte, eu não irei propor uma ação de política monetária nesta reunião”, disse Bernanke.

Menos de duas semanas depois, após outra reunião de emergência, em 22 de janeiro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) cortou a taxa básica de juro em 0,75 ponto porcentual, em um movimento surpreendente. O corte foi seguido por mais uma redução de 0,50 ponto porcentual no encontro regular do Fomc de 29 e 30 de janeiro.

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Mais tarde no mesmo ano, Rosengren foi um dos primeiros membros do Fed a alertar para os riscos do colapso do Lehman Brothers à economia. Rosengren possui contatos próximos à indústria de fundos do mercado monetário, que tem uma grande presença em Boston.

Em um encontro de 16 de setembro, um dia após a quebra do Lehman Brothers, Rosengren disse que a quebra de um grande banco de investimento, a fusão forçada de outro, o fracasso do Freddie e do Fannie em meio a uma economia que oscila devem trazer um “impacto significativo na economia real”.

A avaliação do presidente do Fed de Boston contrastou com alguns de seus colegas. O presidente do Federal Reserve de Kansas City, Thomas Hoenig, disse encorajar a olhar além da crise imediata, mas “como apontado aqui, nós também temos um problema de inflação”. Logo as preocupações inflacionárias iriam amenizar, guiadas pela forte desaceleração da economia global no quarto trimestre de 2008. Fonte: Dow Jones Newswires.