A desaceleração nos preços do atacado, especialmente dos industriais, foi relevante para o abrandamento do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de setembro para outubro, na avaliação da Rosenberg & Associados. Segundo a instituição, o efeito da relativa valorização do câmbio recentemente permitiu alívio nos preços da indústria de transformação. A consultoria, no entanto, acredita que a forte descompressão vista no décimo mês do ano não deve ser uma tendência, diante da sinalização de estabilidade nos preços das matérias-primas agrícolas.
A inflação no atacado, medida pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), desacelerou de 1,90% para 0,71%, informou nesta quarta-feira, 6, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Dentre os componentes do IPA, o Industrial apresentou arrefecimento de mais de 1 ponto porcentual, ao sair de 1,85% para 0,83% em outubro, enquanto o IPA Agropecuário diminuiu de 2,04% para 0,42%. O IGP-DI, por sua vez, ficou em 0,63% em outubro, contra 1,36% em setembro. O resultado veio abaixo do esperado pela Rosenberg & Associados (0,74%) e também ficou inferior à mediana da pesquisa do AE Projeções, de 0,73% (estimativas de 0,58% a 0,80%).
O IPA Industrial reduziu o ritmo de elevação, mesmo com o aumento na velocidade da alta do minério de ferro, na passagem de setembro para outubro, de 4,79% para 5,79%. O movimento, segundo a Rosenberg, foi influenciado pelo repasse defasado do avanço dos preços da commodity no mercado internacional cotados em reais entre meados de julho e o início de setembro. De acordo com os economistas da Rosenberg, as cotações do minério já caíram nas últimas semanas, indicando que a aceleração tenderá a perder fôlego em breve. “Assim, preponderou o efeito da relativa valorização do câmbio ocorrida mais recentemente, que deu alívio aos preços da indústria de transformação”, escreveram, em relatório.
Quanto ao IPA agropecuário, a Rosenberg destaca, que, embora também tenha apresentado desaceleração “considerável” em relação ao dado de setembro (de 2,04% para 0,42%), o resultado ficou apenas um pouco mais baixo que o verificado no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) do décimo mês do ano, de 0,49%. “Sinaliza que o movimento de recuo (dos agropecuários) possa estar prestes a cessar”, disseram, explicando que a maior contribuição para o abrandamento do IPA Agropecuário no IGP-DI partiu da soja (de 7,51% para 0,97%), “uma vez que os efeitos da recente quebra de safra do grão ficaram para trás e entramos em um período em que a colheita está praticamente finalizada, com expectativa de aumento da produtividade”, complementaram.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no IGP-DI acelerou de 0,30% para 0,55%, de acordo com a FGV. O número foi puxado principalmente pelo encarecimento dos alimentos. Segundo a Rosenberg, o grupo Alimentação passou de elevação de 0,14% para 0,93% em outubro, “frente à retomada dos preços de produtos in natura, sem se esquecer dos efeitos do câmbio, mais defasados que no atacado”.