Rolagem de US$ 3,6 bilhões em títulos será o primeiro desafio do BC

O primeiro desafio a ser enfrentado pelo Banco Central (BC) depois das eleições de ontem (6) será a rolagem de US$ 3,6 bilhões em títulos e contratos de swap cambial no próximo dia 17. O valor é o maior do ano e ainda será seguido de um outro vencimento de US$ 1,1 bilhões no dia 23, quatro dias antes do segundo turno das eleições. A primeira tentativa de rolar os US$ 3,6 bilhões na sexta-feira fracassou, com o mercado apresentando propostas não competitivas na oferta de US$ 1,2 bilhão em contratos de swap cambiais e em Notas do Tesouro Nacional da Série D (NTN-D).

O saldo positivo da tentativa de sexta foi o fato de a taxa de câmbio não ter apresentado forte oscilação mesmo diante do revés do BC no leilão. A avaliação, entre fontes do governo consultadas pela Agência Estado, é de que boa parte do mercado já colocou no câmbio a possibilidade de vitória do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro ou no segundo turno. ?A vitória de Lula já está precificada com um dólar entre R$ 3,60 e R$ 3,70. A dúvida fica mais em relação a formação da equipe econômica do novo governo?  disse uma fonte. A indicação de nomes que eventualmente desagradem ao mercado, segundo esta fonte, poderá puxar o dólar para cima e criar mais dificuldades para as rolagens de títulos e contratos de swap cambiais.

O BC, entretanto, terá que contornar questões extra-eleitorais para garantir condições mais fáceis de rolagem das dívidas corrigidas pela variação do câmbio. A redução da liquidez do mercado financeiro internacional e o aumento da aversão ao risco, por exemplo, têm obrigado muitas empresas brasileiras a anteciparem o pagamento de empréstimos no exterior e, em conseqüência, reduzido o apetite dos agentes de mercado por papéis e contratos de swap cambiais. A resolução deste problema passará por uma perspectiva mais positiva em relação ao comportamento da economia norte-americana e também pela estabilização dos sustos com o aparecimento de escândalos contábeis em grandes empresas dos Estados Unidos.

O processo de substituição de importações e o aumento das exportações são fatores adicionais de dificuldade para o BC concluir a rolagem. ?Na medida em que uma empresa aumenta o porcentual de sua produção direcionada para o mercado externo, ela tende a reduzir a demanda por hedge cambial?, disse uma fonte. A diminuição das importações de bens intermediários e a troca por produtos nacionais também deprimem a procura do mercado por proteção contra a variação do câmbio. O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, disse na semana passada que encara como positiva a queda da demanda por hedge cambial. ?Isto não deve ser encarado como algo negativo. Isto é positivo?, disse.

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