Rodrigues prevê 20% de soja transgênica

Segundo estimativa divulgada ontem pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, 20% da soja brasileira será transgênica na safra 2004/2005. Isso significa 12 milhões de toneladas de um total de 60 milhões previstos para a próxima colheita – ante 18% na safra 2003/2004. A maior parte da plantação estará concentrada no Rio Grande do Sul, mais de 7 milhões de toneladas. Rodrigues não divulgou, no entanto, a estimativa sobre o plantio de transgênicos no Paraná.

A divulgação por parte do Ministério da Agricultura aconteceu um dia depois das acusações trocadas entre Rodrigues e o governador Roberto Requião. O governador acusou Rodrigues de mentiroso por não divulgar a lista com os nomes dos produtores que assinaram o Termo de Responsabilidade e Ajustamento de Conduta (Trac). Rodrigues, por sua vez, rebateu as acusações afirmando que apenas cumpriu uma determinação legal.

O ministro sempre se mostrou favorável à liberação do plantio e comercialização de transgênicos no País, enquanto Requião insiste em transformar o Paraná em área livre de transgênicos. Na última segunda-feira, o governador esteve em Brasília protocolando o documento pela quarta vez. No ano passado, o pedido foi feito três vezes, mas nenhum deles foi atendido.

Pressão

Enquanto em Brasília o novo pedido protocolado pelo governador é analisado, no Paraná os produtores rurais se mobilizam na tentativa de liberar o plantio de transgênicos para aqueles que não assinaram o Termo de Responsabilidade e Ajustamento de Conduta (Trac) junto ao Ministério da Agricultura no ano passado – 574 no total. No abaixo-assinado, que deve ser encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os produtores pedem ainda que o governo federal não conceda ao Paraná o certificado de área livre de transgênicos.

“Se o governo federal considerar o Estado como área livre de transgênicos será uma discriminação contra os produtores paranaenses”, criticou o assessor econômico da Federação da Agricultura no Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. “Tecnicamente o pedido não pode ser atendido. Além dos 574 que podem plantar transgênicos, há outros milhares que estão plantando na ilegalidade”, acrescentou Albuquerque. E questionou: “Se no Rio Grande do Sul pode plantar soja contrabandeada, por que não podemos produzir? A MP é discriminatória”.

Abaixo-assinado

As assinaturas começaram a ser coletadas esta semana em todo o Paraná. Segundo a Faep, “o documento é, a um só tempo, protesto e petição”. Protesto contra a Medida Provisória 223, que restringiu o plantio de soja transgênica a apenas 574 produtores no Paraná, discriminando todo o universo restante. É também uma petição, aos governos federal e estadual, para que seja respeitado o preceito constitucional de isonomia entre os produtores e para que o bom senso predomine na questão dos transgênicos.

Os signatários pedem ainda ao presidente da República que não aceite a solicitação do governo do Estado de considerar o Paraná área livre de soja transgênica. “Seria uma nova discriminação e uma decisão tecnicamente impossível. A lei que proibia os transgênicos no Paraná foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal somente após o encerramento do prazo para assinatura do Termo de Responsabilidade. Assim, um grande número de produtores deixou de assinar o Termo de Responsabilidade no ano passado por temer represálias do governo estadual”, diz o documento.

De acordo com Carlos Albuquerque, da Faep, o abaixo-assinado deve ser encaminhado ao presidente Lula na semana que vem.

Produção deste ano será 3,4% menor que a de 2003

Rio (AE) – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou ontem que a safra 2004 está “praticamente fechada” em 119,5 milhões de toneladas, volume 3,4% menor do que os 123,6 milhões do ano anterior. O chefe da coordenação de agropecuária do instituto, Carlos Alberto Lauria, disse que a perda de 13,5 milhões de toneladas entre a safra prevista no início do ano (133 milhões de toneladas) e o volume que será efetivamente colhido ocorreu por causa de problemas de estiagem e excesso de chuvas ao longo deste ano.

Em novembro, o IBGE divulgará a primeira estimativa da safra 2005, que segundo Lauria dependerá não apenas do clima, mas também dos preços internacionais de commodities (produtos com preços cotados no mercado mundial). Na safra deste ano, que já está quase integralmente colhida, 41% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estará concentrada na soja; 35% no milho e 11% no arroz. Ou seja, os três produtos juntos correspondem a 87% da safra total de 2004.

A queda na safra da soja neste ano (49,2 milhões de toneladas) ante a safra anterior (51,5 milhões de toneladas) também ocorreu por problemas climáticos nos principais estados produtores. Apesar dos problemas, o Brasil se mantém no segundo lugar no ranking mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos, que vai colher cerca de 66 milhões de toneladas de soja em 2004.

Outro produto importante que terá uma forte queda na safra deste ano, também causada por problemas climáticos, é o milho, com redução de 18% na cultura de segunda safra – cuja colheita ocorre a partir da segunda metade do ano – e redução de 10% na primeira safra. Juntando as duas colheitas, a produção do milho deverá totalizar 42 milhões de toneladas.

Safra recorde estimada em 131 mi t

Brasília (ABr) – A produção nacional de grãos da safra 2004/2005 deve ficar entre 128,9 milhões e 130,9 milhões de toneladas, de acordo com estimativa do primeiro levantamento de intenção de plantio realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Os dados que dispomos por enquanto indicam a possibilidade de uma safra recorde de grãos, próxima de 131 milhões de toneladas de grãos, com ênfase para recorde em soja e algodão”, destacou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

O volume representa um acréscimo, de acordo com o documento, de 9,6 milhões (8,1%) a 11,6 milhões (9,8%) de toneladas, comparando-se com a safra de 2003/2004, que foi de 119,3 milhões de toneladas. A margem de erro da pesquisa é de 3%.

Foram pesquisadas 12 culturas agrícolas como algodão, arroz, feijão, milho, soja e trigo. A colheita de soja, por exemplo, deve ficar entre 59,5 milhões e 60,8 milhões de toneladas. Em relação à safra passada essa estimativa representa um incremento de 9,7 milhões a 11 milhões de toneladas. O levantamento foi feito por 60 técnicos com 1.270 entrevistados em 450 municípios, entre os dias 3 e 9 deste mês.

Segundo o ministro Rodrigues, embora o governo tenha projetado um possível crescimento da área plantada próximo de 3 milhões de hectares, o que se verifica é que este crescimento será de, no máximo, um milhão de hectares. “Isso mostra que os produtores rurais já têm claro que haverá uma redução de renda, em função dos custos ascendentes e da queda do preço das principais commódities”, avaliou.

Rodrigues explicou que este primeiro levantamento foi feito criteriosamente em todos os estados produtores. Ele disse que se levou em consideração “a produtividade média dos últimos cinco anos, extraídos os picos de cima para baixo e colocando ainda um redutor tecnológico em função de que haverá uma redução do consumo de fertilizantes de mais de 1 milhão de toneladas em relação ao ano passado”.

Logística

Sobre a questão da logística, o ministro da Agricultura salientou que o governo observa esse ponto com muita atenção e pelo menos os quatro pontos – principais portos, armazenagem, rodovias e ferrovias -, já estão tratados. Ele adiantou que “R$ 62 milhões já estão alocados para os principais portos”. Na armazenagem, o ministro lembrou que os investimentos realizados a partir do Proinfra permitirão que “elevemos a capacidade instalada de 5% para 10% para o ano que vem”. Rodrigues afirmou que o Ministério dos Transportes já trabalha na reforma de 7.500 quilômetros de estradas que foram priorizadas em função de um estudo da Conab mostrando a tonelagem de grãos que passará em cada uma delas. O governo finaliza um estudo que definirá investimentos prioritários e emergenciais em algumas ferrovias.

Renda

Para o ministro, é importante considerar que a redução de renda da agricultura está fundamentalmente localizada na área de grãos, que representa 40% do PIB agrícola. “Outros setores como açúcar, café, suco de laranja e carnes não têm a mesma redução e eventualmente, em algumas deles, apresentam até melhoria”.

Rodrigues assinalou que, independente da safra recorde, o governo tem um estoque de passagem de 6.3 milhões de toneladas. “Esse é o maior estoque de passagem dos últimos anos, sendo que só de milho são 4,1 milhões de toneladas e de arroz 1,3 milhão de toneladas”, informou o ministro. Para ele, esses volumes garantem plenamente o abastecimento do ano inteiro.

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