O mediador das negociações agrícolas da Organização Mundial do Comércio (OMC), Crawford Falconer, alerta que a conclusão da Rodada Doha não será suficiente para resolver a crise da alta dos preços dos alimentos no mundo. O diplomata apresentou nesta terça-feira (20) sua proposta de acordo de liberalização do setor agrícola e afirmou que apenas decisões políticas podem agora fechar um entendimento. Para o Itamaraty, as propostas são adequadas para que as negociações possam avançar.

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A OMC negocia um acordo de liberalização há sete anos. Contudo, com diferenças de posição entre Brasil, Estados Unidos e Europa, um entendimento não consegue ser fechado. Nas últimas semanas, autoridades na OMC voltaram a ter esperanças de que a negociação poderia avançar diante da crise dos alimentos e a volta do debate sobre o setor. O próprio chanceler Celso Amorim defendeu na semana passada que o acordo na OMC poderia reduzir as distorções no mercado internacional que teriam gerado a crise.

Falconer, entretanto, deu uma banho de água fria em qualquer esperança de que a OMC seja a solução para a crise de alimentos. "Infelizmente, a conclusão da Rodada Doha não dará uma resposta à curto prazo ao problema. O político que estiver buscando uma solução para a crise e para os famintos não deve escolher como primeira opção a OMC para encontrá-la", alertou.

Propostas

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Pelas propostas apresentadas nesta terça, os subsídios nos Estados Unidos precisariam ficar entre US$ 13 bilhões e US$ 16 bilhões por ano. A redução em relação aos atuais níveis não seria substancial e, portanto, o impacto na redução das distorções também não traria vantagens imediatas ao setor.

Já o embaixador do Brasil na OMC, Clodoaldo Hugueney, fez uma avaliação positiva das propostas. "Vemos como uma boa base para que as negociações caminhem", afirmou o diplomata. Parte importante dos pontos defendidos pelo Brasil acabou entrando na proposta da OMC, tanto no que se refere à agricultura como em produtos industrializados. Os países emergentes conseguiram novas flexibilidades em termos de cortes de tarifas, mas a questão é saber se americanos e europeus estarão dispostos a fazer as concessões que a OMC sugere.

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Acordo

Em junho, a idéia é de que os ministros dos 151 países da entidade se reúnam em Genebra para tentar fechar um acordo com base nos textos apresentados nesta semana.