A União Européia descartou, em reunião com representantes do G-20, qualquer hipótese de ser fixada, na reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Hong Kong, uma data-limite para o fim dos subsídios às exportações. Segundo relato do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o comissário de comércio europeu, Peter Mandelson, alegou razões de ordens política e técnica, ao defender sua posição. Junto com Mandelson estava presente, do lado da UE, a comissária agrícola Mariann Fischer Boel.
Hong Kong (Das agências) – ?A reunião foi frustrante. Os europeus disseram ser contra o estabelecimento de uma data. Para nós a questão é eminentemente política, pois estamos próximos de eleições diversas na região. Mas deixamos claro a eles que a manutenção da democracia no mundo é mais importante do que os políticos da União Européia?, afirmou o ministro da Agricultura, em entrevista por telefone, de Hong Kong.
Liderado por Brasil e China, o G-20 conta com o apoio da maioria dos países associados à OMC. São exemplos o G-33, que tem como membros Índia e Indonésia, entre outros, os Estados Unidos, o Japão e as nações com economias menos desenvolvidas, com destaque para os africanos e os caribenhos. No entanto, a União Européia tem a seu lado a Suíça, o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália.
O G-20 quer que os subsídios às exportações agrícolas terminem até 2010. Os europeus argumentam que é preciso, antes de decidir a data, discutir mecanismos como crédito à exportação, ajuda alimentar e compras governamentais.
?O impasse existe, mas não podemos prever nada aqui em Hong Kong, até o último minuto da negociação?, disse Rodrigues.
Aproximação foi um dos poucos avanços na OMC
A aproximação dos diferentes grupos de países em desenvolvimento vem sendo comemorada como um dos poucos avanços, até o momento, da 6.ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio, que teve início na última terça-feira e prossegue até o dia 18.
?Da mesma maneira que Cancún (onde se realizou a 5.ª reunião ministerial) serviu para o surgimento do G-20, e isso mudou a estrutura das negociações, também estamos criando aqui, pela primeira vez, as bases de praticamente todos os países em desenvolvimento?, avaliou o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Para ele, o mais importante disso é que tal união não se baseia em uma divisão norte-sul, mas na definição pragmática de objetivos comuns.
O mundo em desenvolvimento combate os subsídios à exportação de produtos agrícolas que distorcem o comércio internacional. Os diferentes graus de desenvolvimento e as divergências de interesses em outros setores, porém, abrem caminho para ofertas tentadoras de preferências por parte dos paises desenvolvidos.
?É claro que queremos resultados práticos, mas a união também dificulta a manipulação, dificulta a divisão de interesses, dificulta camuflar objetivos protecionistas com falsos objetivos morais?, declarou Amorim. Para hoje está prevista nova reunião entre os integrantes do G-20 e do G-90 (o grupo dos 90 países mais pobres do mundo), para fortalecimento de posições.
