RMC cresce e amplia loteamentos

Atraídas pela industrialização da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), muitas pessoas deixaram o interior do Estado nos últimos anos e vieram para a capital, em busca de melhores oportunidades de trabalho. Segundo projeção da Comec (Coordenadoria da Região Metropolitana de Curitiba), a população da RMC aumentará em 500 mil pessoas a cada dez anos, passando dos atuais 2,7 milhões para 3 milhões em 2010 e 3,5 milhões em 2020. Dos novos habitantes, estima-se que 350 mil vem por migração e 150 mil por nascimento. Com a falta de políticas habitacionais e de financiamento imobiliário para a população de baixa renda, muitos dos novos moradores da Grande Curitiba optaram pelos loteamentos.

Em Curitiba, vivem hoje aproximadamente 1,5 milhão de habitantes. Nos municípios vizinhos, mais 1,2 milhão de pessoas. “Em Piraquara, Rio Branco do Sul e Almirante Tamandaré você não vê prédios. Essa população basicamente se desenvolveu com a expansão urbana dos loteamentos”, destaca Maurício Moritz, vice-presidente de desenvolvimento urbano do Secovi/PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná). “Com a mecanização da agricultura, houve redução na oferta de empregos no interior do Estado. O programa de industrialização do Estado gerou novos empregos e um êxodo atrás das oportunidades”, comenta.

Na Região Metropolitana de Curitiba, existe hoje um déficit habitacional de aproximadamente 70 mil moradias na área urbana. No Paraná, o déficit é de quase 230 mil residências. No País, o índice se aproxima de 6 milhões de habitações, sendo que 83% é representando pela demanda de moradia para famílias com renda de até três salários mínimos. “Após o fechamento do BNH, na década de 80, as classes de menores rendas ficaram com poucas opções para realizar o sonho da casa própria”, observa Moritz. “Pararam as construções de grandes conjuntos habitacionais por falta de recursos financeiros e de política habitacional.”

Outro motivo que dificultou a aquisição da casa própria pela população de baixa renda, segundo o vice-presidente do Secovi/PR, foi a dificuldade de comprovar renda para financiamento junto aos bancos. Com a queda da inflação, os empresários passaram a financiar a compra de terrenos para esse público, vendendo lotes com prazo de pagamento de até doze anos e parcelas de baixo valor. De acordo com Moritz, os loteamentos criam áreas de expansão urbana, que se refletem na abertura de pequenos comércios e serviços.

Facilidades

Entre as vantagens dos loteamentos, o empresário cita que os trabalhadores informais conseguem comprar seus terrenos, já que não é exigida renda mínima nem comprovação de rendimentos; o ritmo da obra é ditado pela capacidade de compra da pessoa; a construção absorve mão-de-obra ociosa na construção civil organizada; famílias se livram do aluguel e iniciam a formação de seu patrimônio; e com a urbanização, os lotes se valorizam. “O que se vê são famílias iniciando a construção de casas em lotes, geralmente fazendo uma meia-água para abrigar a famílias e ampliando a moradia com o passar do tempo”, relata Moritz.

Existem cerca de quarenta empresas loteadoras atuando na Grande Curitiba. De acordo com Moritz, São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande são hoje os municípios com maior oferta de lotes. Enquanto em São José dos Pinhais, a maioria dos donos de lotes trabalha no município, em Fazenda Rio Grande, boa parte da população está empregada em outros municípios da Região Metropolitana. O diretor do Secovi/PR salienta que as prefeituras, a Comec e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) são rigorosos na análise dos projetos, que levam em média dois anos para ser aprovados.

“Se, por um lado, sabemos que existe um grande déficit habitacional, por outro vemos o empobrecimento da população e o receio do desemprego, que acaba diminuindo a velocidade de vendas”, comenta Moritz. Mas apesar das dificuldades, ele se mostra confiante na retomada. “O mais importante para o setor é a inflação baixa (já que os contratos são reajustados por esses índices). 2003 foi um ano terrível para todos. Acredito que 2004 será o início da recuperação.” Com os picos de inflação na casa de 20% em maio, a inadimplência também aumentou. Segundo Moritz, cerca de 30% dos compradores de lotes estão com parcelas atrasadas e 5% pararam de pagar. “A solução negociada é a melhor”, aponta.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo