Risco da influenza aviária no Brasil é remoto

O risco da incidência da influenza aviária no Brasil é muito remoto, o que não impede que o País adote medidas preventivas de defesa sanitária com o máximo de rigor. O alerta é do professor da Universidade Estadual de Londrina e coordenador técnico do Centro de Investigação de Medicina Aviária do Paraná, Ivens Gomes Guimarães, discordando do ministro da Saúde, que disse ser ?impossível? evitar a chegada do vírus ao País. Ivens adverte também contra o que chamou de ?neurose? que está se espalhando no consumidor do continente europeu, porque até agora não há informações de mutação do vírus H5N1, da gripe aviária, das aves para o ser humano.

As mortes que já aconteceram por conseqüência da gripe aviária no continente asiático e na Turquia são de pessoas que tiveram contato direto com aves doentes, cujo comportamento denotaram desrespeito às medidas sanitárias básicas como o consumo de derivados de frango cru ou contato muito intenso. ?Não há vírus da influenza aviária que resiste a um bom cozimento ou a uma fritura do produto?, disse o professor.

O presidente do Sindicato da Indústria Avícola do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, também acha exagerado o temor contra a influenza aviária. Na sua opinião, surtos como o da dengue no Brasil, por exemplo, já mataram muito mais gente do que as mortes provocadas pela gripe das aves no mundo, comparou. Para Martins, ainda não houve comprovação da mutação do vírus no mundo. Ele disse ainda que o risco da incidência do vírus da influenza no Brasil é mínimo. ?Só se ocorrer por meio de terrorismo?, afirmou.

O professor Ivens Guimarães endossou a afirmação de Domingos. Ele lembrou ainda que há o risco da transmissão do vírus por meio das aves silvestres migratórias, se estiverem contaminadas. Porém, essa situação só pode acontecer a partir de setembro deste ano, quando as aves se deslocarem dos Estados Unidos e Canadá em direção ao hemisfério Sul, fugindo do inverno rigoroso do hemisfério Norte.

As aves silvestres que migram da Europa para os Estados Unidos e Canadá não vêm para o hemisfério Sul. Elas voltam para o continente de origem. Já as aves do continente americano migram para o hemisfério Sul. ?Não há possibilidades das aves silvestres migrarem da Europa para cá, exceto se o desequilíbrio ecológico se acentuar muito?, afirmou o professor.

Guimarães salientou que a incidência da influenza aviária no mundo existe há muito tempo. Diversos países da Europa como Holanda, Itália e também nos Estados Unidos, já promoveram a matança de aves acometidas da doença, sem que isso representasse alarmismo para o consumidor. ?É impossível que um local de criação comercial de aves, que tenha seu plantel contaminado, vá vender a produção no comércio?, disse.

Segundo o professor, é para isso que servem os serviços de sanidade animal. Eles detectam antes os problemas sanitários nos animais, a tempo de evitar a transmissão para o ser humano. Por isso os serviços de defesa sanitária devem ter o máximo de rigor, insistiu. Os casos de contaminação só acontecem se há contato direto e intenso com o animal doente ou por meio de inalação de partículas infectivas. ?Seria o mesmo que trancar num quarto pequeno uma pessoa sadia com outras contaminadas por doenças extremamente contagiosas?, comparou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo