O Brasil foi o que menos sofreu na recente turbulência no mercado financeiro internacional entre os 15 países acompanhados pelo JP Morgan em seu índice que mede o grau de desconfiança dos investidores em economias emergentes. O indicador Embi (Emergent Market Bond Index), calculado pelo banco americano, estava em 245 pontos-base no final de 2005, praticamente igual aos níveis atuais. Já o risco Brasil, que afere o risco específico dos títulos do governo brasileiro no mercado secundário internacional, está em 203 pontos-base, cerca de 108 pontos abaixo do observado naquele período. Outro país que registrou ganhos expressivos nesse período foi Filipinas, em que o risco registrou queda de cerca de 60 pontos, situando-se atualmente em torno de 230 pontos-base.
No final de 2005, o risco Brasil estava em 311 pontos-base, e hoje está em torno de 203 pontos-base. Naquela data, o risco brasileiro estava pior do que a média dos outros emergentes, com um índice 26% acima do Embi total. Atualmente o indicador brasileiro está cerca de 9% abaixo da média. Ou seja, os títulos brasileiros oferecem menos risco ao investidor do que a média dos papéis emitidos pelos governos dos demais países integrantes da "cesta" do JP Morgan, ao contrário do que era observado no final de 2005.
Isso mostra que, em termos relativos, o Brasil teve um ganho substancial em relação aos seus "concorrentes" e na América Latina foi o que registrou melhor performance. A Colômbia (queda de 30 pontos-base, para os atuais 233 pontos), o Peru (queda de 14 pontos, para 168 pontos) e a Argentina (queda de 9 pontos, para 490 pontos), também tiveram ganhos no período, enquanto a Venezuela de Hugo Chávez foi a que registrou pior desempenho, com o indicador subindo para 481 pontos-base, com acréscimo de 170 pontos no intervalo de 20 meses. A Argentina e a Venezuela estão entre os lanterninhas no índice calculado pelo JP Morgan.
Turbulência
Se o corte for feito com base nas cotações do final de junho, antes da atual turbulência, o desempenho é semelhante. Ou seja, o Brasil perdeu menos do que a média dos outros emergentes. No dia 30 de junho o Embi geral (dos 15 países), estava em torno de 175 pontos-base, ante os 244 atuais, com uma diferença de 69 pontos. O indicador específico do Brasil estava em 160 pontos, o que indica uma piora de 43 pontos-base para a situação atual, bem abaixo da média global.
Os títulos dos governos da Argentina e Venezuela foram os grandes perdedores nos últimos 40 dias. O índice da Argentina subiu 272 pontos em relação ao final de junho, atingindo os 489 pontos, enquanto o venezuelano subiu 140 pontos, para os atuais 481 pontos-base.