Quatro empresários do Frigorífico Margen, presos no dia 1.º de dezembro por uma operação da Polícia Federal (PF), foram soltos na noite de anteontem em Goiânia. Mais quatro pessoas ligadas à empresa permanecem presas na sede da PF em São Paulo. O grupo é acusado de sonegar R$ 60 milhões do Imposto de Renda e R$ 85 milhões do INSS. Com a liberação, as assembléias programadas para discutir as possíveis demissões dos trabalhadores nas empresas do grupo no Paraná foram canceladas. Aqueles que já receberam o aviso do desligamento também estão com suas situações indefinidas com a soltura dos empresários.
O Margen possui quatro unidades no Paraná – duas em Maringá, uma em Paranavaí e uma em Lupionópolis -, que empregam cerca de 2,5 mil pessoas. São 11 mil trabalhadores em 23 unidades espalhadas por oito estados brasileiros.
O juiz federal do Mato Grosso do Sul, Jean Marcos Ferreira, emitiu uma carta precatória com a ordem de soltura para Mauro Suaiden, Ney Agilson Padilha, Geraldo Antônio Prearo e Milton Prearo. O pedido, que foi enviado para a 4.ª Vara Federal de Goiás e cumprido às 23h, não trazia maiores informações sobre os motivos da liberação.
Rivail Assunção da Silveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos em Maringá e região, explica que as assembléias que seriam realizadas ontem foram canceladas depois que a própria empresa passou a informação de que os quatro empresários estavam soltos. Existe a possibilidade de o frigorífico voltar a funcionar, de acordo com ele. Por causa disso, todas as ações foram paralisadas. "Não houve mais avisos de demissão. Os empresários foram liberados e alguns representantes do Margen afirmaram que o frigorífico voltaria a funcionar. A empresa já comunicou que a unidade de Paranavaí foi liberada para voltar ao trabalho", comenta.
A situação do Margen e de seus funcionários será discutida na próxima segunda-feira no Ministério do Trabalho, em Brasília, com a presença de proprietários e de representantes dos empregados. Silveira acredita que as partes chegarão a uma decisão no mesmo dia.
O frigorífico está com a produção parada desde a prisão dos empresários. No início desta semana, os desligamentos de funcionários começaram a ser anunciados porque não havia perspectivas de a empresa voltar a funcionar. O Margen é responsável por 100% da carne bovina exportada pelo Paraná. As exportações realizadas pelo frigorífico somaram 41 mil toneladas e US$ 96 milhões de janeiro a outubro deste ano. O faturamento do grupo foi de R$ 2,3 bilhões em 2003.
DRT
A Delegacia Regional do Trabalho do Paraná informa que está acompanhando o processo do Frigorífico Margen Ltda. através de sua subdelegacia em Maringá.
Até o presente momento não houve demissões, senão aquelas fruto de contratação por prazo determinado para cobrir aumento de produção do final do ano. A DRT informa, ainda, que os salários dos trabalhadores foram creditados no prazo legal.
A subdelegacia de Maringá já comunicou os administradores da empresa da preocupação do Ministério do Trabalho e Emprego, que já vem acompanhando o processo em Brasília, em garantir a manutenção dos postos de trabalho.