A reunião do grupo de trabalho sobre endividamento rural terminou sem definição mais uma vez. Amanhã, os técnicos dos ministérios da Fazenda e da Agricultura, parlamentares e representantes da cadeia produtiva voltam a se reunir, às 12 horas, no ministério para discutir a prorrogação das dívidas de custeio e investimento com vencimento em 2007.
Nesta terça-feira (10), pela primeira vez, o secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda, Bernardo Appy, participou da reunião que avalia saídas para a questão do endividamento rural. Ele confirmou que há consenso entre governo e parlamentares sobre o custeio prorrogado. "O que está em discussão agora com a bancada ruralista é o que seria um desenho aceitável para esta renegociação dos investimentos. E não há uma decisão de fazer a prorrogação integral de todas as dívidas de investimentos", afirmou.
Com isso, o impasse sobre as dívidas permanece, já que os produtores querem a prorrogação total das parcelas de investimento com vencimento neste ano. Appy afirmou que a discussão no governo também inclui a definição de um bônus de adimplência, para produtores que paguem as parcelas deste ano, e sobre qual será a porcentual do pagamento mínimo.
Os parlamentares ainda discordam da proposta do governo de diferenciar o valor do pagamento mínimo de acordo com a cultura ou Estado, com porcentuais que variam entre 30% e 80%. "Nós queremos uma proposta uniforme, embora saibamos que a situação é pior no Mato Grosso. Muitos produtores do Rio Grande do Sul que tiveram três quebras de safra também não terão condições de pagar parte da dívida que vence neste ano", disse Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
O presidente da comissão nacional de crédito rural da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Sperotto, lembrou que desde 1993, quando foi instaurada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), já se recomendava a revisão total do endividamento rural. Ele destacou ainda que é necessário baixar o valor dos juros. Para ele, 8,75% já é alto, mas a situação piora porque há produtores com dívidas roladas com juros compostos.
Para o presidente da subcomissão de endividamento da comissão de Agricultura da Câmara, Aberlado Lupion, existe "divergência de números e de conceitos, o que dificulta a negociação". Ele reiterou que o grupo não quer a distinção por produto e por Estado. "Estamos cansados de negociar, queremos uma política agrícola definitiva", afirma.