Conseguir um trabalho com carteira assinada está cada vez mais complicado. Em geral, as empresas estão contratando pouco e a cada dia que passa é grande o número de pessoas que começam a ganhar a vida como profissionais autônomas, conseqüentemente caindo na informalidade.
O chefe das relações do trabalho da Delegacia Regional do Trabalho do Paraná (DRT-PR), Fábio Lantmann, explica que as pessoas costumam procurar o mercado informal por uma questão de sobrevivência. Entretanto, a informalidade é decorrente de uma série de fatores. “A retração econômica, a falta de qualificação profissional e a vinda de pessoas de áreas rurais para as grandes cidades contribuem”, comenta. “Atualmente, para as empresas, dois funcionários contratados equivalem a três. Isto devido aos altos encargos, que fazem com que principalmente as micro e pequenas empresas tenham dificuldades para contratar.”
Segundo Fábio, o mercado informal gera uma série de desvantagens a seus trabalhadores. Quem exerce atividade sem carteira fica sem aparato da Previdência Social, férias, décimo-terceiro salário, FGTS e outros benefícios. “Se a pessoa sofre um acidente de trabalho, por exemplo, fica sem aparato algum. O que é bastante preocupante”, afirma. “Acredito que deveriam ser criados mecanismos para manter as pessoas que trabalham sem carteira na legalidade.”
Profissionais
Embora a falta de qualificação profissional leve à informalidade, atualmente não são apenas profissionais com pouca formação que têm dificuldades em obter registro em carteira. O fotógrafo Daniel Sorrentino, de Curitiba, tem formação na área de marketing e há dois anos não consegue emprego fixo.
“Trabalhei quinze anos na área de franquias. Há dois anos, perdi o emprego e não consegui encontrar outro. Eu tinha como hobby a fotografia e, depois de fazer um curso, acabei transformando-o em profissão”, conta. “Tenho trabalhado apenas como autônomo.”
Para Daniel, a principal vantagem de trabalhar sem registro é a maleabilidade de horários. Já a principal desvantagem é não ter uma renda fixa mensal. “Às vezes eu tenho bastante trabalho e ganho bem. Depois, fico cinco ou seis meses sem ganhar quase nada. Tenho que estar sempre controlando as despesas, pagando tudo à vista e nunca posso fazer prestações.”
A música Lucélia de Oliveira, que vive em Irati, trabalha há seis anos como autônoma. Ela conta que, em seu ramo de atividade, é muito complicado encontrar trabalho com carteira assinada. “Registrar uma pessoa acaba saindo muito caro para os contratantes. Já tentei regularizar minha situação, mas não consegui”, revela.
Hoje, Lucélia afirma que ganha mais como autônoma do que se estivesse como funcionária fixa de uma empresa. Entretanto, sua maior preocupação é com o futuro. “Futuramente, trabalhar sem carteira pode acabar sendo muito ruim. Isto porque não contribuo com INSS e não tenho segurança alguma. Me preocupo muito com a aposentadoria”, diz.