Retração da economia vai pressionar os salários

São Paulo – A retração na economia deve dificultar muito a vida dos trabalhadores com data-base no segundo semestre. Grandes categorias, como petroleiros, metalúrgicos, químicos e bancários terão de suar a camisa para negociar a reposição de perdas pela inflação ? que ainda acumulará índices elevados, entre 17% e 18%.

Com exceção dos bancos, que têm batido recordes de lucratividade graças aos juros altos, a tendência é que os empresários resistam em reajustar os salários nesses níveis.

Num balanço parcial dos acordos fechados no primeiro semestre, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) já revela um quadro pouco animador. Entre os 50 acordos fechados até maio, 58% incluíram reposições salariais abaixo da inflação. Em 30%, o índice conseguido zerou as perdas e em apenas 12% houve aumento real de salários.

Pior é que os reajustes salariais foram parcelados. Com data-base em maio, quando o INPC de 12 meses acumulou 19,36%, os 433 mil empregados da construção civil de São Paulo conseguiram reajuste de 18%, dos quais 12% em junho e a diferença em agosto.

“A tendência é que os reajustes sejam parcelados para aliviar os custos das empresas”, diz Silvestre Oliveira, supervisor-técnico do Dieese.

Dos 50 acordos pesquisados pelo Dieese, 28% tiveram parcelamento. Quatro acordos estabeleciam índices de reajuste diferenciados por faixas salariais. Esse também vinha sendo um procedimento, observa ele, pouco comum a partir de 1995, depois do real.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Synésio Batista Costa, avisa que, com as vendas paradas como estão, não há como falar em repor perdas inflacionárias tão altas.

“A produção está absolutamente parada, os estoques das fábricas em alguns setores chegam a cobrir quatro meses de vendas e, mesmo que as encomendas cresçam, pouco se terá para fazer este ano.”

“O que vamos oferecer é uma pequena correção, para não dizer que não foi nada. E fazer um esforço enorme para não demitir”, diz o empresário.

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