Retomada dos EUA pode afetar o Brasil

Se as previsões de boa parte dos economistas estiverem corretas e a indústria dos Estados Unidos deslanchar nos próximos anos, o Brasil pode ter problemas. O alerta foi feito ontem pelo banco Morgan Stanley. Estudo mostra que o setor manufatureiro de seis países emergentes, entre eles o Brasil, estará em risco com a confirmação do processo que já vem sendo chamado de “reindustrialização” dos Estados Unidos. O problema nacional é velho conhecido: a falta de competitividade.

“Se a reindustrialização dos Estados Unidos se confirmar, é provável que o processo seja impulsionado por empresas mais fortes e desalavancadas, que podem usar o crédito disponível para investimento e melhoria da competitividade”, diz o analista Manoj Pradhan, que coordenou o estudo em Londres.

Nos últimos anos, o setor industrial americano tem passado por transformação com a aplicação de novas tecnologias na linha de produção e, especialmente, contratos de trabalho mais flexíveis. Os dois fatores, somados a políticas públicas de incentivo, têm melhorado as perspectivas da indústria nos Estados Unidos.

Custos reduzidos. Além de o movimento apontar para indústrias mais modernas e produtivas, o ambiente econômico americano tende a ganhar competitividade nos próximos anos com a exploração do gás de xisto, o que deve reduzir os custos de energia naquele país.

O analista do Morgan Stanley listou os setores que, potencialmente, estão mais bem preparados para aproveitar esse renascimento industrial. Entre os segmentos, alguns que têm forte presença no Brasil: automóveis, materiais de transporte, metalurgia, máquinas e equipamentos, computadores, eletrônicos e atividades de uso intensivo de energia.

Para Pradhan, essas indústrias ameaçam especialmente os concorrentes instalados no Brasil, Chile, China, Malásia, Rússia e Tailândia.

No caso brasileiro, o estudo aponta que o custo de fabricação no País é muito elevado, o que reduz a competitividade nacional. “Os exportadores de commodities estão em risco porque seus níveis salariais elevados não lhes permitiriam competir em níveis menos sofisticados de manufatura.”

Diante do cenário, o Morgan Stanley defende a execução de reformas para garantir a competitividade desses países. “Economias emergentes terão de ter ainda mais atenção às reformas estruturais”, diz.

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