Poucos dias após a Fazenda anunciar medidas que desagradaram ao setor industrial, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, adotou um tom conciliador e defendeu o ajuste fiscal em curso diante de uma plateia de empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

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Condenando os pessimistas, o ministro afirmou que o País não tem uma crise de solvabilidade externa no horizonte, ao contrário de quando tinha que recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Monteiro defendeu o ajuste fiscal como condição para a retomada das bases do crescimento, embora isso exija a adoção de uma “agenda desconfortável”.

“O ajuste fiscal nos impõe a necessidade de enfrentar uma agenda que no curto prazo é extremamente desconfortável porque combina corte de gastos, contingenciamento de gastos, redução da estrutura de desonerações feitas na economia brasileira”, disse.

Ao contrário do que declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Monteiro classificou as desonerações da folha de pagamento da indústria de uma grande conquista. No entanto, considerou a alteração do regime e aumento de alíquotas anunciada na última sexta-feira como parte do pacote de ajuste.

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“Não é possível diante do custo fiscal que assumiu essa desoneração sustentá-la integralmente nesse momento. Imaginar que podemos ampliar o repertório de desonerações tributárias é irrealismo puro”, disse durante o evento.

Evitando confronto direto com a Fazenda, Monteiro afirmou que o MDIC tem consciência de que faz parte de um governo único. A pasta, segundo ele, terá entre as prioridades a apresentação do Plano Nacional de Exportação até a primeira quinzena de março. O plano envolve medidas de facilitação e promoção de exportações, financiamento, seguro ao exportador, desburocratização e acordos comerciais.

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Uma das prioridades nesse ponto será o incremento das relações comerciais com os Estados Unidos, principal destino da exportação de manufaturados brasileiros em 2014, em operações que somaram US$ 16 bilhões. “Minha primeira viagem como ministro foi a Washington pra transmitir a prioridade que vamos dar às relações com os EUA”, disse.

O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, afirmou que o País vive uma época “angustiante” na política e na economia. O empresário defendeu também um “choque de privatização”, a começar pela saúde pública, para ajudar no ajuste econômico. Apesar disso, ele seguiu o tom de Monteiro e pediu aos empresários equilíbrio, temperança, propostas e diálogo.

“Nós, brasileiros, sabemos que temos que colaborar para o equilíbrio das contas públicas, o que induz à coisa mais importante da economia que é a credibilidade”, disse.”Não precisamos falar se um ministro foi feliz ou infeliz em alguma colocação”, afirmou Gouvêa Vieira em referência à declaração de Levy de que a política de desoneração da folha salarial era uma “brincadeira”. Na sexta-feira a Firjan criticou a medida provisória que alterou o regime.