Os sete principais atores das negociações comerciais vão voltar a se reunir a partir de amanhã, em Genebra, para tentar retomar a Rodada Doha de comércio multilateral, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O Brasil, juntamente com a Austrália, poderá apresentar uma nova proposta para tentar solucionar pelo menos um dos impasses envolvendo as barreiras dos países emergentes aos produtos agrícolas. Na sexta-feira passada (dia 5), o ministro das Relações Exteriores, o chanceler Celso Amorim, falou pelo telefone com o ministro indiano de Comércio, Kamal Nath, e pediu que Nova Délhi desse demonstrações de flexibilidade. Mas, com as eleições nos Estados Unidos em novembro, mudanças na Comissão Européia, braço executivo da União Européia (UE), e uma posição intransigente da Índia, poucos acreditam que a reunião gere um avanço real.
O encontro do G7 – grupo composto por Europa, Japão, Austrália, China, Brasil, Índia e Estados Unidos – é o primeiro desde que a mais recente etapa do processo fracassou, em julho. Amanhã, apenas reuniões bilaterais devem ocorrer e , na quarta-feira (dia 10), todos os membros do G7 se encontrarão pela primeira vez.
Desta vez, porém, a reunião não ocorrerá na sede da OMC, mas longe das câmeras e envolverá apenas os principais negociadores de cada país, sem a presença de ministros. O Brasil será representado pelo embaixador Roberto Azevedo. O governo americano é que hospedará os demais países em sua missão em Genebra e a imprensa será mantida à distância.
O objetivo será o de tratar do impasse que acabou gerando o fracasso em julho. O principal problema acabou sendo a insistência dos países emergentes importadores de alimentos de poder impor barreiras todas as vezes que julgarem que a entrada de produtos agrícolas está sendo excessiva e com o potencial de afetar diretamente os produtores locais. Os americanos rejeitaram a posição adotada pela Índia e se recusaram a rever o acordo que já tinha sido acatado por praticamente todos os demais países.
O encontro de amanhã foi costurado pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que aponta que apenas ao tratar do comércio de produtos agrícolas para os países emergentes é que o processo será destravado. Diplomatas alertam que a lista de problemas a serem resolvidos ainda é grande, mesmo que esse tema seja solucionado. Um dos principais obstáculos será a resistência dos Estados Unidos em aceitar reduzir os subsídios ao algodão, uma exigência dos países africanos e do Brasil.
Para diplomatas, os problemas na OMC também revelam que os países ricos ainda não se habituaram a compartilhar o cenário internacional com as economias emergentes. Para a comissária de Agricultura da UE, Marian Ficher Boel, o Brasil será um “fator decisivo” na agricultura nas próximas décadas. “O mapa econômico do mundo evolui e precisamos também atualizar nosso mapa de regras comerciais”, afirmou a européia.