Retaliar os EUA ‘é como dar tiro no pé’, diz Ricupero

A decisão da Organização Mundial de Comércio (OMC), ao autorizar o Brasil a retaliar os Estados Unidos no contencioso do algodão, foi uma grande vitória, porém difícil de ser exercida. A avaliação é do embaixador e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, que participou ontem, em São Paulo, de seminário sobre política externa do Brasil. “Discriminar contra produtos americanos é como dar um tiro no próprio pé, porque vai afetar as exportações brasileiras para lá”, explicou Recupero.

Segundo ele, é muito difícil retaliar contra um país como os EUA, porque normalmente há interesse em manter comércio com esse país. “Os Estados Unidos são o mercado para o qual nós exportamos mais produtos sofisticados e de alta tecnologia, como aviões da Embraer, automóveis entre outros industrializados”, disse Ricupero, “Boa parte desses produtos é produzida aqui por empresas americanas, como a Ford e General Motors.”

Também presente ao evento, o embaixador Luís Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, disse que uma retaliação cruzada, como a quebra de patentes, talvez não seja o melhor caminho. “A quebra de patente é um fenômeno negativo, não é aconselhável nem desejável, porque cada vez mais o Brasil tem marcas, e patentes e não deve, portanto, estimular a violação desses direitos de propriedade intelectual.”

Para Ricupero, a vitória do País na OMC serve mais para marcar posição nas negociações. do que utilizá-la propriamente na retaliação. “Não é apenas o caso em si, mas mostrar pela condenação que isso deve ser aplicado nas negociações que ainda não terminaram da Rodada Doha”, explicou.

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