Brasília (ABr) – O quadro macroeconômico do País está hoje melhor que as projeções anunciadas no início de 2004, quando o Banco Central e o mercado estimavam saldo comercial de US$ 19,15 bilhões, investimentos diretos estrangeiros de US$ 12 bilhões e déficit de US$ 3,5 bilhões nas transações correntes com o exterior. A maioria das variáveis superaram as expectativas.
O saldo comercial está fechando o ano em mais de US$ 33 bilhões, os investimentos estrangeiros já ultrapassam US$ 17 bilhões e as contas correntes registram superávit acima de US$ 10,5 bilhões. De acordo com números revelados ontem pelo diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, ao apresentar o Relatório Trimestral de Inflação, os indicadores mostram "resultados melhores do que eram esperados".
"Existe uma tendência de forte crescimento da atividade produtiva, com manutenção de resultados expressivos para o balanço de pagamentos e fotografia bastante favorável do mercado de trabalho, do equilíbrio das contas externas, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e das exportações", diz.
O crescimento do PIB pelo quinto trimestre seguido leva os analistas de mercado a estimarem evolução de 5,1% na geração das riquezas do País neste ano. A projeção inicial é de 3,5%.
Paralelo a isso, ele citou a redução da relação entre dívida líquida do setor público e PIB (de 57,6%, em 2003, para pouco mais de 52% este ano), o que "garante maior sustentabilidade externa", fortalecida pelo aumento de US$ 3 bilhões nas reservas líquidas e de US$ 8 bilhões nas reservas brutas, que vão fechar o ano em US$ 25,4 bilhões e US$ 52,4 bilhões, respectivamente.
O diretor do BC destacou como fator de preocupação apenas o controle da inflação, em virtude dos altos níveis de preços praticados no atacado e no varejo. As taxas, segundo ele, permanecem em níveis "incompatíveis" com a trajetória de metas de médio prazo, o que acarreta em maior aperto da política monetária.
Em linha com as projeções do mercado, o BC corrigiu a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, de 7,2%, no relatório de setembro, para os atuais 7,4%. Mantido o cenário de referência com a taxa de juros a 17,75% ao ano e o dólar cotado a R$ 2,75, o diretor de Política Econômica estima IPCA de 5,3% em 2005 e de 4% em 2006.
Acima, portanto, do centro da meta oficial de 4,50%, ajustada pelo BC para 5,1% no relatório de setembro, embora trabalhasse com previsão de 5,6% para a inflação de 2005; mais próximo da projeção de 5,9% feita pelo mercado à época. Prognóstico agora reduzido, segundo ele, em decorrência dos resultados que já se fazem notar em função dos ajustes da taxa básica de juros (Selic) a partir de setembro último, da taxa de câmbio favorável e da menor expectativa de reajuste dos preços administrados.
No cenário de mercado, todas as projeções inflacionárias estão acima da trajetória de metas. A inflação deste ano deve fechar em 7,47%, caindo para 6,3% no ano que vem e recuando para 5% em 2006. Isso, a taxas constantes de juros e de câmbio. Mas, como o próprio diretor antecipou, o mercado projeta Selic média de 17,04% (2004), 15,75% (2005) e 14,14% (2006), além de câmbio a R$ 2,81 (2004), R$ 2,99 (2005) e R$ 3,25 (2006).