O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) errou todas as previsões feitas em março para o nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste. Previsto inicialmente para terminar em 41,3%, o número foi alterado para 38,5% e depois para 37,3%. No final, no entanto, o sistema – responsável por 70% do armazenamento do País – terminou com 36,27% de volume de água nas represas.

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A esperança agora é de que o volume de chuvas de abril seja suficiente para elevar o nível dos reservatórios. Pelo último relatório do ONS, as represas do Sudeste/Centro-Oeste devem terminar o mês em 40,6% – número que pode ser revisto nas próximas semanas. Na opinião dos meteorologistas, as chuvas previstas para este mês no máximo vão evitar que os reservatórios caiam, mas não será suficiente para recuperar de forma expressiva o armazenamento.

No relatório do ONS, a “previsão para o segundo trimestre indica precipitação (chuvas) variando entre a média e abaixo da média nas bacias da Região Sul”. Nas demais bacias do sistema interligado, a expectativa é de chuvas em torno da média histórica. Para esta semana, no entanto, a previsão é de chuva fraca a moderada nas bacias do Sudeste/Centro-Oeste, pela passagem de uma frente fria.

Esse dado positivo contribuiu para reduzir o Custo Marginal de Operação (CMO) de 1.338,85 o megawatt hora (MWh) para R$ 937,64 o MWh no Sudeste/Centro-Oeste e Sul. Nos demais subsistemas, Norte e Nordeste, o valor caiu de R$ 926,31 o MWh para R$ 937,57 o MWh. Esse cálculo é feito por um programa computacional que considera as previsões futuras de chuva e o nível dos reservatórios, entre outras variáveis.

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É com base nesse valor que o ONS determina a operação das usinas termoelétricas. Na teoria, apenas poderiam funcionar térmicas cujo custo fosse inferior ao CMO. Na prática, no entanto, a história tem sido diferente. Por questões elétricas – leia-se falta de água nos reservatórios -, o ONS pode determinar que essas usinas mais caras continuem em operação. É o que está ocorrendo.

Com o CMO em R$ 937, pelo menos seis usinas deveriam deixar de operar. Elas têm custo entre R$ 1.022,15 e R$ 1.165,12. Como a situação do setor está delicada, elas entram em operação e seu custo vai para o Encargo de Serviço do Sistema (ESS), cobrado de todos os brasileiros na conta de luz. “Vamos ter de passar o ano inteiro com as térmicas ligadas”, afirmou Walter Froes, da CMU Comercializadora.

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Segundo uma fonte do setor elétrico que já fez parte da equipe do governo, apesar dos dados apresentados pelo Ministério de Minas e Energia no mês passado, a situação não é tão folgada. Para escapar de um plano de redução de consumo será preciso chover acima da média, o que não está nas planilhas dos meteorologistas. Até a Copa do Mundo, o abastecimento está garantido, afirmou a fonte. É depois do evento que aparecem as incertezas.

Como o governo está garantindo que não haverá racionamento, o setor produtivo ainda está calmo. Por outro lado, as companhias demonstram preocupação com o aumento do custo da energia elétrica, com a expansão das usinas térmicas no sistema. Uma hora tudo isso será repassado para a tarifa, de uma forma ou de outra.

Além disso, alguns consumidores livres – empresas que optam por comprar a energia diretamente no mercado, sem intermediação das distribuidoras – estão com contrato vencendo entre este ano e 2015. Como o preço no mercado à vista está em R$ 822 o MWh, a renovação deverá representar um aumento de custo para esses consumidores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.