O Banco Central (BC) reforçou a atuação no mercado cambial nas últimas semanas. Com compras diárias desde 8 de outubro, as reservas internacionais brasileiras cresceram mais de US$ 12 bilhões em pouco mais de um mês. A ação coincide com a volta dos investidores estrangeiros ao mercado de ações brasileiro após as fortes quedas provocadas pela crise imobiliária nos Estados Unidos.
Segundo o BC, as reservas cresceram US$ 12,101 bilhões desde o retorno da autoridade monetária ao mercado na segunda semana de outubro. Na média, as reservas foram reforçadas em US$ 448,1 milhões em cada um dos 27 dias úteis desse período – até última sexta-feira. Apenas em novembro, em dez dias úteis, foram adicionados US$ 6,4 bilhões às reservas, que estavam em US$ 174 275 bilhões no fim da semana passada.
?O BC retornou ao mercado para absorver o fluxo de dólares para o Brasil, que voltou a crescer?, diz o economista-chefe da Concórdia Corretora, Elson Teles. Para ele, o BC tem atuado sobretudo para recolher parte dos recursos que tem entrado no Brasil pelos novos lançamentos de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Dados da própria Bolsa confirmam a tese. Desde 8 de outubro, foram realizados 13 lançamentos de ações, que captaram o equivalente a US$ 7,670 bilhões. Desse montante, 51,85% – ou US$ 3,976 bilhões – foram investidos por estrangeiros.
Antes desse período de entrada forte de divisas estrangeiras, foram realizados apenas dois lançamentos de ações nos meses de agosto e setembro. A pausa coincide com o auge da crise imobiliária nos EUA.
Outro dado que reforça a tese é a forma de atuação do BC, que tem períodos com forte concentração nas compras. Conforme levantamento da Agência Estado, o dia com a maior compra do BC nesse período foi 30 de outubro, quando foram adquiridos cerca de US$ 1,34 bilhão.
Nesse dia, foi realizada a liquidação financeira da oferta de ações da própria Bovespa, que trouxe US$ 2,925 bilhões de estrangeiros – o equivalente a 78% do captado. Foi o maior lançamento de ações no período.
O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, avalia que o volume de investimentos tem crescido principalmente pela expectativa de o Brasil receber o ?grau de investimento? pelas agências de classificação de risco de crédito. Essa nota significa que a probabilidade de um devedor dar um calote é baixa.
