Repasses de R$ 12,5 bilhões ficam sem prestação de contas

Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que existe grande dificuldade de controle das prestações de contas de programas que utilizam recursos de transferências voluntárias do governo federal. O levantamento preparado pelo ministro do TCU Ubiratan Aguiar com base nas contas do governo de 2006, e incluído no balanço das atividades do tribunal no segundo trimestre de 2007, revela um atraso médio na apresentação de prestação de contas de 3,9 anos, o que equivale a praticamente um mandato presidencial inteiro.

De acordo com o trabalho do TCU, há um volume de cerca de R$ 12 5 bilhões – entre prestações de contas não entregues ou apresentadas, mas ainda não analisadas – cuja aplicação o governo desconhece

Há 2.719 prestações de contas, referentes a convênios, contratos e termos de parceria, que nem sequer foram apresentadas aos órgãos e entidades que transferiram os recursos, com projetos num valor de cerca de R$ 1,8 bilhão.

O maior número de atrasos, 790, foi detectado no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Em seguida, vêm o Ministério da Integração Nacional, com 405, e o Ministério da Educação, com 263.

Ranking

No que diz respeito às prestações de contas já apresentadas, mas ainda não analisadas pelos órgãos e entidades que forneceram os recursos, havia em 31 de dezembro de 2006 um estoque de 36.078 processos, num total de cerca de R$ 10,7 bilhões.

Nesse item, o Ministério da Educação aparece em primeiro lugar, com 14.066 processos, equivalentes a R$ 2,4 bilhões, com atraso médio de entrega de 5,5 anos. Em segundo lugar está o Ministério do Desenvolvimento Social, com 6.915 processos (R$ 1,2 bilhões, com atraso médio de 4 anos).

Sobre a prestação de contas, o relatório do TCU não economiza nas críticas. ‘No que se refere à fiscalização da execução dos convênios e instrumentos congêneres, verificou-se que ela é praticamente inexistente. Quer seja por carência de pessoal em número e qualificação técnica para fazê-la, quer seja pelo fato de o resultado não ser confiável, devido à falta de parâmetros técnicos e financeiros adequados, que deveriam constar do plano de trabalho’, aponta.

A Controladoria-Geral da União (CGU) não nega que há problemas na prestação de contas dos recursos repassados pelo governo. Embora ressalte que não concorda com toda a extensão da avaliação negativa do Tribunal de Contas da União, o secretário-executivo da CGU, Luiz Navarro, diz que o governo já começou a tomar providências para reduzir o problema e aumentar o controle e a transparência no uso do dinheiro público.

‘Não tenho dúvida em reconhecer o problema. Existe uma carência de estrutura nos ministérios gestores para fazer a fiscalização’ admite. ‘Mas não saber como o dinheiro foi gasto não significa necessariamente que ele foi mal gasto. Assim como o inverso é verdadeiro.

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