Repar vai fabricar combustível biológico

A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, é uma das três unidades industriais do País que estará testando uma nova tecnologia para a produção do H-Bio (a produção de óleo diesel a partir da mistura de óleo de soja ou de outros vegetais com petróleo). O novo produto, que entrará em escala comercial no final deste ano, deverá atingir 1% do diesel consumido no País, e reduzir em 15% as importações do produto. Isso significa uma economia de cerca de 250 milhões de litros anuais. A produção do H-Bio terá um impacto de US$ 145 mil/ano na balança de pagamentos.

A apresentação do novo produto foi feita ontem, na Repar, com a presença do presidente do República, Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do H-Bio já estar sendo produzido desde o início do ano na Refinaria de Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais.

Em 2007, a produção também será estendida para a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. Nas três unidades serão investidos US$ 38 milhões. Em 2008, também iniciam a produção as refinarias paulistas de Duque de Caxias (Reduc) e Paulínia (Replan), cujo investimento deverá atingir outros US$ 23 milhões. Nesta fase a Petrobras espera economizar US$ 240 milhões/ano, deixando de importar 25% de diesel.

O H-Bio foi desenvolvido, há 18 meses, pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras, e surge como uma opção diferenciada na área de combustíveis verdes renováveis e alternativa para a atividade agroindustrial brasileira. O novo processo irá utilizar óleo vegetal – a partir de grãos de mamona, girassol, soja, dendê ou algodão – como insumo para a obtenção de óleo diesel, por meio da hidrogenação de uma mistura de óleos vegetal e mineral.

De acordo com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a nova tecnologia terá um alcance social muito grande, pois será uma alternativa de escoamento de produção, principalmente para pequenos agricultores. Em relação ao meio ambiente, ele ressaltou que o H-Bio terá uma repercussão positiva, tanto no processo industrial, que não gera resíduos, quanto na redução de enxofre na atmosfera, já que será um combustível com baixo teor de substância poluente.

Produção

Apesar da escala comercial do H-Bio estar prevista para dezembro, a Petrobras espera fechar os primeiros contratos para a venda do produto em setembro. O diretor da área de abastecimento da empresa, Paulo Roberto da Costa, afirmou que a produção não exigirá construção de novas plantas industriais. ?Será necessária apenas a implantação de infra-estrutura de transporte e armazenamento dos óleos vegetais?, disse. Ele afirmou ainda que o H-Bio não irá competir com o biodiesel, sendo uma alternativa para redução de importação de importação do diesel. ?Nós teremos no Brasil as duas rotas de tecnologia, do biodiesel e H-Bio. Isso será melhor para a Petrobras e para o País, pois quanto mais produção de origem vegetal, menor serão as importações?, falou. Em relação ao preço, o H-Bio será semelhante ao diesel.

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Sila – que fez questão de homenagear o pesquisador do Cenpes, Jeferson Roberto da Costa, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do H-Bio – o novo combustível significa uma evolução muito grande da Petrobras, e que poderá representar a sobrevivência de países da América Latina e África. ?É um programa pensado não só para o Brasil, mas para países mais pobres. Esperamos desenvolver parcerias com empresas estrangeiras, países em desenvolvimento, e melhorar a vida do agricultor, que não vai mais correr atrás do mercado internacional, pois terá duas opções de venda do seu produto?, disse o presidente. 

Lula descarta nacionalizar Petrobras

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, descartou ontem, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, a possibilidade imediata de nacionalizar a Petrobras e recomprar as ações (ADRs) colocadas na Bolsa de Valores de Nova York. A proposta tinha sido feita pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), durante discurso em solenidade do início de testes industriais do H-Bio, o novo óleo diesel produzido a partir de mistura de óleo vegetal com petróleo, na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).

De acordo com Lula, o governador do Paraná apenas expressou uma intenção. ?Mas obviamente o governo não tem essa prioridade?, acentuou. ?Por enquanto, a prioridade é fazer a Petrobras achar cada vez mais petróleo, achar cada vez mais gás, produzir cada vez mais H-bio, comprar cada vez mais biodiesel.?

Para ele, a estatal brasileira continua sendo uma ?menina de ouro?. Afinal, afirmou, saiu de um patrimônio líquido de US$ 14 bilhões para US$ 74 bilhões. ?Está crescendo a cada dia e estamos produzindo muita coisa dentro do Brasil. É o que interessa neste momento?, afirmou. ?Na hora em que tiver de discutir outro processo, podemos pensar nisso?, disse Lula em relação à proposta de Requião.

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