A troca de ministros do gabinete do presidente Jacob Zuma na África do Sul, entre eles o titular das Finanças, Pravin Gordhan, é um “ataque direto” ao Tesouro e deve trazer volatilidade à economia local, dizem analistas, que também acreditam em um potencial rebaixamento de rating do país pelas agências de classificação de risco.
Para Rian Le Roux, economista-chefe da Old Mutual Investment Group, a crise política protagonizada pelo presidente, que sofre ameaça de impeachment, deve trazer grande período de volatilidade e enfraquecer ainda mais o já frágil nível de atividade das empresas e a confiança dos consumidores.
“O rand mais fraco praticamente enterra a possibilidade de juros mais baixos”, acrescenta Le Roux, notando que o primeiro rebaixamento de rating pode vir já na primeira semana de abril pela Moody’s, que classifica o país dois níveis para dentro do grau de investimento. “Em suma, a África do Sul deu um grande tiro em seu próprio pé, algo do qual será difícil se recuperar”, notou.
As mudanças mostram que Zuma “basicamente pode fazer o que quer”, afirmam economistas do Nomura. Em nota, o banco diz que a troca de Gordhan é “um ataque direto ao Tesouro” e que o mercado terá dificuldades em digerir o novo indicado, “alguém que claramente foi colocado lá para obedecer Zuma”. O Nomura também prevê “rebaixamentos múltiplos” por parte das agências de rating.
Colin Coleman, diretor gerente do Goldman Sachs na África do Sul, prevê um “grande embate político” nas próximas semanas no país. “A questão é: irá o Zuma sobreviver à crise?”, questiona Coleman, lembrando que esta é a primeira vez que o presidente vai contra o posicionamento do Congresso Nacional (ANC), o seu próprio partido. (Marcelo Osakabe, com informações da Dow Jones Newswires)