A caderneta de poupança perde cada vez mais a competitividade em relação aos fundos. Isso porque na quarta-feira, 2, a taxa básica de juros (Selic) – parâmetro para a rentabilidade de aplicações conservadoras, como os fundos DI e de renda fixa – foi novamente elevada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O juro passou de 10,75% para 11% ao ano, uma alta de 0,25 ponto porcentual.

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Nesse novo cenário, a caderneta de poupança – tanto a nova como a antiga – tem rentabilidade de 0,53% ao mês. Assim, o retorno só é maior do que o dos fundos de renda fixa que cobram altas taxas de administração, a partir de 2,5%, segundo dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

As duas regras distintas para a caderneta só valem quando o juro fica abaixo de 8,5% ao ano. No atual patamar da Selic, todos os depósitos rendem conforme a regra antiga (0,5% ao mês mais variação da Taxa Referencial).

Apesar da perda de competitividade, a poupança continua a ser um dos investimentos favoritos dos brasileiros. Entre os paulistanos, 74,1% dizem que a caderneta representa a sua principal aplicação, segundo levantamento da Fecomércio/SP. Em fevereiro, a captação da poupança foi de R$ 1,859 bilhão.

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No cálculo para comparação dos investimentos, a Anefac considerou diferentes prazos de resgate, já que no caso dos fundos há incidência de Imposto de Renda de 22,5% a 15%.

Fundos DI

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Entre as opções de fundos, o aumento da Selic fortalece a tendência de migração de recursos para as opções mais conservadoras, atreladas ao CDI. “Quando a Selic chegou em 7,5%, houve uma migração para fundos mais agressivos. Agora estamos vendo o caminho de volta, porque o investidor neste momento não precisa tomar risco para ter uma boa rentabilidade”, afirmou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello.

De acordo com o executivo, um movimento que tem sido notado ao longo dos últimos seis meses – e que deverá prosseguir neste momento com a alta dos juros – é o de resgates de fundos multimercados com destino para aqueles de renda fixa DI e renda fixa crédito privado, por exemplo.

Mello acredita que, após uma onda forte de resgates que vem desde o ano passado, os fundos de renda variável não devem registrar uma grande saída de recursos agora. “O preço se depreciou e os investidores devem aguardar um melhor momento para sair. Da renda variável o resgate deve ser marginal.”

Para o economista da Plena Investimentos José Eduardo de Toledo Abreu Filho, o aumento da taxa básica de juros prejudica principalmente os fundos prefixados e os títulos públicos indexados à inflação, em especial aqueles de prazo longo.

Segundo Abreu Filho, um ponto que ainda gera cautela entre os investidores é o fato de a “inflação real” ser maior do que aquela informada oficialmente pelo IPCA. “Um aumento do preço da gasolina e da energia elétrica poderia significar um aumento de 1,5 a 2 pontos porcentuais na inflação.”

A migração para fundos mais conservadores, portanto, é vista como natural. “Nessa altura do campeonato o investidor quer proteger o patrimônio.” Colaborou Fernanda Guimarães. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.