Após bater recordes de produção e receita em 2007 e 2008, a agricultura brasileira de grãos vai recuar este ano. A renda do produtor com a safra de arroz, feijão, milho, soja, trigo e outros grãos, que começa a ser colhida a partir de fevereiro – e que dá a dinâmica da economia de mais de 70% dos municípios brasileiros -, deve encolher em R$ 10,4 bilhões. É a primeira queda na receita de grãos em três anos. Significa menos dinheiro para a compra de carros, máquinas, equipamentos e eletrodomésticos e um volume menor de receita de exportação para o País.
Nas contas da RC Consultores, a safra de grãos 2008/2009 deve render aos agricultores R$ 79,4 bilhões, enquanto na safra passada chegou a R$ 89,8 bilhões. A queda está concentrada na dobradinha soja/milho, que responde por 80% do volume e 70% da renda. “A receita com grãos pode cair ainda mais se a recessão se aprofundar nos EUA e os preços do milho e da soja recuarem para níveis inferiores à média histórica”, diz Fabio Silveira, diretor da consultoria e responsável pela projeção.
Para estimar a receita agrícola com os grãos, o economista considerou uma safra de 134 milhões de toneladas, 8,7% menor que a anterior. Além disso, levou em conta que os preços médios em reais da soja, do milho, do arroz e do feijão serão 8%, 3%, 4% e 28% menores em relação à média de 2008, respectivamente. E que o dólar deve chegar em dezembro valendo R$ 2,50.
O tombo nos volumes de produção, provocado pela crise de crédito que atingiu os agricultores exatamente na época do plantio, porém, pode ser maior. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê um recuo de 10% nos volumes nesta safra. Na semana passada, o próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu que a queda na safra de grãos poderá superar os 5% projetados inicialmente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.