Quase R$ 210 bilhões começam a irrigar a economia das cidades do interior do País a partir deste mês. A cifra recorde é resultado da venda das safras de café, laranja, cana, algodão e grãos, que estão em fase inicial de colheita no Centro-Sul. São perto de R$ 30 bilhões ou 16% a mais no bolso dos produtores rurais em relação à receita obtida em 2010, com praticamente os mesmos volumes de produção, segundo projeções da RC Consultores.
O dinheiro do campo já aquece o comércio dos polos do agronegócio. Em Sorriso (MT), por exemplo, o maior município produtor de soja do mundo, há fila de espera para compra de máquinas agrícolas. Em Rio Verde (GO), as vendas de caminhonetes dobraram este mês e faltam imóveis para alugar ou comprar. Já em Barreiras, oeste da Bahia, várias grifes de vestuário, como M.Oficcer, Arezzo, MMartan e Mahogany, desembarcaram no comércio local atrás da riqueza do campo.
“Esta será a safra mais rentável de todos os tempos, apesar do câmbio desfavorável”, afirma Walter Horita. Ele cultiva 43 mil hectares com algodão, soja e milho no oeste da Bahia e preside a Associação de Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba), que reúne 1.200 produtores.
Por causa da disparada das cotações dos alimentos no mercado internacional neste início de ano, o campo vive hoje uma situação inusitada: praticamente todas as lavouras estão com preço e renda crescentes em relação a 2010, observa o sócio da RC Consultores, Fabio Silveira. Segundo ele, a política monetária restritiva do Banco Central deve esfriar a demanda, mas não vai conseguir conter a alta dos preços agrícolas e a renda do campo. “O setor tem dinâmica própria.”