A renda agrícola no Paraná está dando sinais de recuperação. É o que mostra a pesquisa sobre o faturamento dos principais produtos agrícolas cultivados no Estado, realizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo o responsável pelo estudo, José Garcia Gasques, as perdas decorrentes da estiagem serão menores do que se esperava no início do ano. Os preços de produtos como soja, cana-de-açúcar, mandioca e tomate aumentaram em relação ao ano passado. “Essa recuperação deve compensar, em parte, as perdas com a crise financeira e a estiagem”, avaliou Gasques.

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Segundo o pesquisador, a renda agrícola no Paraná projetada para 2009 deve atingir R$ 18,13 bilhões, o que corresponde a uma perda de 16% em relação ao ano passado, quando foi de R$ 21,7 bilhões. Essa perda foi provocada pela crise financeira mundial, que reduziu as exportações, e também pela estiagem, que prejudicou as lavouras da safra de verão 2008/09.

Para Gasquez, a recuperação da renda agrícola no Paraná segue o que está acontecendo no País. No início do ano, a Assessoria de Gestão Estratégica, que divulga mensalmente a renda agrícola, projetava perdas de 8% para o País. A renda estimada no início do ano era de R$ 150 bilhões no País e a última estimativa projeta uma renda de R$ 156 bilhões, inferior em 3,2% à renda obtida no ano passado que foi de R$ 161,15 bilhões.

A pesquisa da AGE aborda o desempenho de cerca de 20 produtos agrícolas, dos quais 70% do peso recaem sobre cinco produtos como soja, milho, café, cana-de-açúcar e laranja. O estudo não acompanha o desempenho da pecuária, que também gera uma renda importante no agronegócio no País.

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Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, apesar da perda grande que o Paraná teve na produção da safra de verão e de inverno, avaliada em aproximadamente 6 milhões de toneladas, o Estado ainda é um importante gerador de renda no agronegócio, sendo o terceiro maior do País. “O Paraná perde apenas para São Paulo, onde o cultivo da cana-de-açúcar e da laranja gera uma renda elevada, e para o Mato Grosso, que tem grandes extensões de área de soja”, disse. Ele ressalta que o Paraná tem agricultura mais diversificada, e a quebra de produção é parcialmente compensada pela reação nos preços da soja e do açúcar.

Para mostrar a recuperação de renda dos principais produtos agrícolas cultivados no Paraná, a AGE relacionou a soja, milho, cana-de-açúcar, fumo, mandioca e tomate. O estudo revela queda de renda com o milho, feijão e fumo. A cana-de-açúcar apresenta elevação de R$ 50 milhões na renda do ano passado para cá. Segundo Gasquez, a renda projetada para a cana cultivada no Paraná, que alcançou R$ 1,65 bilhão em 2008, evoluiu para R$ 1,70 bilhão este ano. A recuperação da renda está sendo proporcionada pela evolução dos preços – a projeção era de R$ 32,40 a tonelada em dezembro de 2008 e na estimativa relativa a março de 2009 o preço subiu para R$ 33,70 a tonelada.

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A projeção para a safra de soja em 2009 é de R$ 7 bilhões, R$ 1,5 bilhão inferior à do ano passado, quando alcançou R$ 8,5 bilhões. As perdas seriam maiores não fosse a evolução no preço do produto, que passou de R$ 41,40, em média, a saca de 60 quilos em dezembro de 2008 para R$ 43,80 em março, uma recuperação de R$ 2,40 em cada saca, comparou Gasquez.

A mandioca, outro produto que apresenta elevação de renda, deve passar de R$ 470 milhões no ano passado para R$ 675,4 milhões este ano. A mandioca, que apresentava uma perspectiva de preço de R$ 204,30 a tonelada em dezembro de 2008 evoluiu para R$ 218,10 a tonelada em março de 2009. O tomate, que no ano passou proporcionou renda de R$ 177 milhões, deve proporcionar renda de R$ 276 milhões este ano, beneficiando os agricultores familiares que cultivam o produto. No milho, o faturamento bruto do ano passado, de R$ 5,4 bilhões, cai para R$ 3,4 bilhões este ano. Segundo Gasquez, o milho no Paraná foi prejudicado pela redução de área plantada e também pelo clima.