Renault perde US$ 1 mi/dia

A Renault perde US$ 1 milhão por dia no Mercosul com o desaquecimento do mercado automobilístico no Brasil e Argentina, segundo apurou O Estado. No Brasil, há 16 mil veículos estocados no pátio da fábrica de São José dos Pinhais e mais 19 mil na rede de concessionárias. Para se adequar à demanda, a montadora programou diversas paradas na linha de montagem, que reduzirão a produção de agosto para cerca de 3 mil veículos – menos da metade da média mensal, de 7.800 unidades.

Nesse mês, serão duas semanas inteiras (de 12 a 16 e de 26 a 31) de paralisação, mais as pausas ocorridas nessa semana – na quarta-feira, por falta de peças, na quinta por causa da paralisação dos funcionários, e a folga já prevista na sexta e sábado. Ontem, houve expediente em alguns setores, mas a linha de produção ficou parada. A cada dia, deixam de ser fabricados 290 automóveis Clio e Scénic na planta de veículos de passeio e 35 na unidade de utilitários. No primeiro semestre de 2002, a produção da Renault foi 42% inferior à do mesmo período de 2001.

Para analistas de mercado, as demissões pretendidas pela Renault eram precipitadas na atual conjuntura. A argumentação é que o PDV (Plano de Demissões Voluntárias) anunciado na semana passada para 140 empregados – e cancelado anteontem – pela Renault representaria uma economia de aproximadamente US$ 60 mil mensais, volume pouco significativo diante das perdas que a montadora vem enfrentando com as baixas vendas e altos custos operacionais, influenciados pela alta do dólar.

Analistas do setor de automóveis apontam dois problemas na fábrica da Renault do Paraná: o baixo índice de nacionalização dos modelos e o excesso de funcionários na parte administrativa. Na fábrica da Audi/Volkswagen, também em São José, há um funcionário nos escritórios para cada cinco na produção. Em relação à nacionalização, embora a montadora alegue que 75 a 80% dos componentes dos carros sejam feitos no Brasil, boa parte da matéria-prima dos fornecedores locais é importada, encarecendo custos e manutenção, apontam.

Negociação (?)

Embora o governo do Estado tenha informado aos metalúrgicos a abertura de uma comissão tripartite de negociação junto com a Renault, ainda não foi marcada nenhuma reunião para tratar da situação dos 400 trabalhadores ociosos na fábrica de São José dos Pinhais.

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