Renault chama metalúrgicos de volta

A Renault do Paraná não vai demitir nenhum dos funcionários que tiveram o contrato de trabalho suspenso e receberam Bolsa Qualificação do governo federal. Uma reunião realizada ontem definiu os ajustes necessários para absorver os cerca de 280 empregados que estão afastados. Eles voltam ao serviço no dia 8 de junho.

O acordo de suspensão foi assinado em janeiro, por sugestão do governo do Estado, e evitou a demissão de 800 pessoas. Segundo o diretor de recursos humanos da companhia, Carlos Magni, cerca de 70% do pessoal afastado já retornou à fábrica.

Eles voltaram antes mesmo do prazo previsto, de cinco meses. Todos receberam as parcelas do seguro-desemprego, referentes aos meses parados, aulas de qualificação profissional e salários completados pela empresa.

Para o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Nelson Garcia, o esforço conjunto dos sindicatos com o governo e a empresa permite uma retomada consciente dos serviços.

“Agir pensando na defesa dos trabalhadores funciona e é benéfico para todos os envolvidos. O governador Roberto Requião adotou uma postura firme e vai manter esta posição, conversando e apresentando alternativas à todas as empresas que estiverem abertas ao diálogo”, destacou ele.

Exemplo

A medida adotada pela fábrica da Renault em São José dos Pinhais foi modelo para a matriz da empresa, na França. Lá foram suspensos os contratos de trabalho, como feito na filial paranaense, mas houve redução da jornada de trabalho e dos salários dos empregados.

Segundo Robson Jamaica, coordenador da delegação sindical da Renault no Brasil, que retornou recentemente de viagem ao país, o grupo demitiu cerca de 4.900 pessoas na Europa, desde o início da crise mundial.

“No Paraná, a empresa não demitiu ninguém por conta da crise. O chefe da divisão na América Latina adiantou, inclusive, que muitos projetos vão vir para o Brasil. A matriz entende que temos economia favorável para enfrentar a crise e seremos um diferencial para os planos do grupo”, revelou ele.

A montadora paranaense da Renault foi a primeira do grupo a fazer este tipo de suspensão de contratos. A medida também é a primeira do Brasil com salários completados pela empresa.