Para os milhares de estrangeiros que vivem no Brasil, a crise acabou. Dados do Banco Central (BC) mostram que as remessas feitas por esses trabalhadores às suas famílias no exterior já voltaram ao patamar de antes do estouro da crise. Na comparação com janeiro, o envio de dólares saltou 48,4% em junho. No mesmo período, a entrada de dinheiro enviado por brasileiros que estão em outros países caiu 9,2%. Isso fez com que a cada US$ 3 que entram pelas remessas de brasileiros, US$ 1 sai transferido pelos imigrantes.
Segundo o BC, estrangeiros enviaram US$ 57 milhões em remessas para a manutenção da família no exterior em junho, o dado mais atualizado até agora. O valor é praticamente o mesmo registrado em agosto de 2008, antes do agravamento da crise, quando somou apenas US$ 400 mil a mais. Os números mostram que esse grupo de trabalhadores – composto por várias etnias, como os bolivianos, chineses e sul-coreanos – enviou US$ 1,9 milhão por dia ou US$ 79 mil por hora às famílias em junho.
O aumento das transferências tem duas explicações. A primeira está diretamente ligada à reação da economia brasileira, que aumenta a demanda pela mão de obra e, por consequência, eleva o rendimento desses trabalhadores. Há, ainda, o fator cambial. Com a recente valorização do real, os salários no Brasil passaram a valer, comparativamente, mais dólares. No auge da crise, quando a moeda norte-americana rondava os R$ 2,50, a remessa de R$ 500 representava US$ 200. Agora, com a cotação próxima de R$ 1,80, o valor enviado é, em dólares, 38% maior, de US$ 277.