Os dados sobre a inflação de abril já divulgados não mudaram o cenário para o ano do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. A projeção de Braz para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril é de 0,62%, com desaceleração para 0,45% em maio. O indicador de abril será divulgado na sexta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o ano, a FGV espera que o IPCA fique abaixo de 4,0%.

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O IPCA de abril deverá seguir a composição do Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) de abril divulgado mais cedo pela FGV, com uma descompressão na inflação de alimentos e uma aceleração nos preços de remédios e passagens de ônibus urbanos.

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Todos esses preços pesam mais no IPC-C1, que mensura o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos. Para Braz, uma marca da inflação de 2019 é que ela será mais sentida pelos mais pobres.

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Ainda assim, os preços de remédios e tarifas de ônibus já estavam no radar. Assim como já está alguma pressão da conta de luz, dado que, em maio, está em vigor a bandeira tarifária amarela, que implica um custo adicional de R$ 1,00 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) na tarifa de energia ao consumidor.

Braz lembra que a pressão da conta de luz pode não ser permanente, já que a retirada das cobranças adicionais, prevista para a volta das chuvas no fim do ano, conforme a sazonalidade típica, tenderá a aliviar essa inflação. O mesmo não vale para remédios e passagens de ônibus, cujo efeito é permanente.

Para o pesquisador da FGV, os medicamentos seguirão pressionando a inflação até junho, após o reajuste de até 4,33% autorizado em 30 de março, com vigência a partir do dia 31.

“Os alimentos deram um choque terrível no primeiro trimestre, mas isso não é permanente”, afirmou Braz, completando que a alta nos preços da comida pode ser devolvida com baixas nos próximos meses.

Um alívio nos preços dos alimentos já foi captado no IPC-C1 de abril. O grupo Alimentação desacelerou de 1,23% em março para 0,76% em abril. No movimento, chamou a atenção o item “arroz e feijão” (de 6,20% em março para -0,80% em abril).

Além disso, lembrou Braz, a estagnação da economia tenderá a manter baixa pressão nos preços de serviços livres e bens de consumo duráveis, por causa da demanda fraca.

O risco maior para o cenário de inflação do ano, segundo o pesquisador da FGV, poderá vir do câmbio, mas, mesmo assim, sem grandes sustos.